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Marques Mendes diz que se candidata "para ganhar"

Diogo Barreto 10 de fevereiro de 2025 às 22:35

O candidato Presidencial voltou a atacar Gouveia e Melo pela falta de experiência política. E reafirmou-se como um candidato moderado.

Na primeira entrevista após anunciar oficialmente a sua candidatura à Presidência, Marques Mendes reconhece risco na apresentação da candidatura e assume que avança para ganhar, mas reconhece que pode perdê-la. "A Presidência da República é um cargo eminentemente político e para ser exercido aquele cargo e função precisa de experiência política", disse ainda, numa farpa ao seu principal proto-adversário, o almirante Henrique Gouveia e Melo. 

JOSÉ COELHO/LUSA

Explicando o timing do anúncio, Marques Mendes explicou que não considerava que devia continuar a comentar tendo já decidido concorrer à Presidência, tendo afirmado ter tomado essa decisão "a meio de janeiro". Mas diz ainda que é um "risco" avançar tão cedo e que vai ser preciso tacto para "gerir o tempo" e para falar "ao país, nas universidades, falar com os jovens e as empresas". 

Sublinhando o que disse no seu discurso de apresentação, Marques Mendes voltou a puxar dos galões da sua atividade política ao longo das últimas décadas, ao contrário do que aocnteceu com Goveia e Melo. "A Presidência da República é um cargo eminentemente político e para ser exercido aquele cargo e função precisa de experiência política", referiu.

Ainda sobre a ameaça do militar que surge em lugar destacado nas sondagens, Marques Mendes respondeu: "Um democrata que se preze não troca convicções por sondagens", afirmou, crente de que as pesquisas com intenções de voto ainda vão "evoluir" e assegurando que avançou por "convicções".

Já sobre as candidaturas de André Ventura (pelo Chega) e de Mariana Leitão (pela Iniciativa Liberal), Marques Mendes assumiu-se como um candidato com "moderação e equilíbrio".

No capítulo da ética, defendeu ser necessário "um pacto de regeneração política para combater o divórcio das pessoas em relação à política" e apontou responsabilidades aos dois maiores partidos, PS e PSD, por não terem feito mais nos últimos 20 anos. "Se não houver um certo pacto para regenerar a política, e com ações concretas, corremos o risco de ter outros 'Tutti Frutti' no futuro", alertou, referindo-se ao processo em que o Ministério Público deduziu 60 acusações visando sobretudo políticos de PSD e PS.

E propôs quatro tipos de medidas: mudar o método de eleição dos deputados, criar instrumentos para que o parlamento possa suspender deputados "em casos excecionais de comportamentos inqualificáveis", criar organismos dentro dos partidos para julgar matérias éticas e impedir que pessoas "acusadas ou pronunciadas" por crimes graves possam ser candidatos a eleições. O candidato e ex-líder do PSD admitiu que algumas destas propostas podem implicar uma "revisão constitucional cirúrgica": "Faça-se", apelou.

Para o futuro, apontou a maior frequência dos Conselhos de Estado, com convidados, como uma inovação positiva do mandato de Marcelo Rebelo de Sousa a que daria sequência, recusando pelo contrário que pudesse promulgar ou vetar leis com comentários. "Eu isso vou deixar de fazer. Ou seja, uma lei é promulgada ou é vetada. O comentário do Presidente cria ruído, cria instabilidade. Não é útil, até porque o Presidente não é co-governo. Governo há só um, não há dois governos", afirmou.

Se for eleito, prometeu uma relação de cooperação com qualquer primeiro-ministro, admitindo ser amigo do atual chefe do Governo PSD/CDS-PP, Luís Montenegro, que disse estar a fazer "um mandato globalmente muito positivo". O candidato deixou também um elogio ao líder da oposição sobre as suas posições quanto à imigração, considerando que Pedro Nuno Santos deu "um grande contributo para que esta matéria seja menos saco de boxe e mais de consenso".

Com Lusa

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