Secções
Entrar

Covid-19: Sindicatos defendem que situação ainda não permite regresso às escolas

08 de abril de 2020 às 22:24

Governo tinha previsto anunciar esta quinta-feira a decisão de manter ou não a suspensão das atividades letivas presenciais em todos os estabelecimentos de ensino, implementada para conter a propagação do novo coronavírus.

A Federação Nacional da Educação (FNE) e a Federação Nacional de Professores (Fenprof) concordam que a situação epidemiológica atual ainda não permite um regresso seguro às escolas, uma preocupação que transmitiram à tutela esta quarta-feira.

Os dois sindicatos, que reuniram hoje por videoconferência com o Ministério da Educação, consideram até prematuro que as atividades letivas presenciais sejam retomadas em maio, uma possibilidade que foi avançada pelo primeiro-ministro, António Costa, na sexta-feira.

À Lusa, o secretário-geral da Fenprof, que na terça-feira esteve também presente na terceira reunião sobre a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, adiantou que a posição desfavorável dos especialistas sobre a abertura das escolas no início do terceiro período foi unânime e até o primeiro-ministro recuou relativamente ao regresso já no próximo mês.

"O que tem que prevalecer, numa decisão qualquer, é a saúde, porque não podemos libertar as pessoas e depois vermos disparar o número de casos outra vez", considerou Mário Nogueira, afirmando que tudo aponta para que a decisão do Governo, anunciada na quinta-feira, seja a de manter o ensino a distância.

Em comunicado, também a FNE revelou ter "reservas quanto a uma eventual decisão da tutela de retomar precipitadamente as atividades letivas presenciais" em maio, a menos que as autoridades de saúde aconselhem o contrário.

Os dois sindicatos de professores partilham igualmente uma preocupação relativamente às provas finais e dos exames nacionais dos ensinos básico e secundários, sublinhando a FNE que a realização dos exames não pode "sobrepor-se ao respeito pela saúde pública".

Segundo as federações, que defendem a suspensão das provas de aferição dos 2.º e 3.º ciclos, os exames nacionais do ensino secundário devem ser repensados, admitindo a possibilidade de, este ano, não serem realizadas, o que implicaria alterações nas fórmulas de acesso ao ensino superior.

Esta é uma situação que também tem merecido a atenção do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) apesar de, segundo o presidente, o sindicato não ter sido auscultado pelo Ministério da Educação.

"Neste momento a opção só pode ser uma, porque não estamos num tempo para alterar os mecanismos de acesso ao ensino superior, defendeu Gonçalo Leite Velho, acrescentando que as universidades e politécnicos estão disponíveis para alargar os calendários das inscrições e atrasar o início do próximo ano letivo.  

Relativamente às avaliações do terceiro período, o secretário-geral da Fenprof reforçou que as notas devem refletir o trabalho global dos alunos, mas com consideração dos condicionamentos e constrangimentos associados ao ensino à distância, de forma a salvaguardar os alunos que têm tido maiores dificuldades no acesso aos trabalhos e materiais.

Por outro lado, Mário Nogueira defendeu também que enquanto os alunos não regressarem às salas de aula, o trabalho dos professores deve ser de consolidação das matérias que foram lecionadas presencialmente, para minimizar o prejuízo que este modelo tem para os alunos mais carenciados.

"O que se passou este ano vai ter repercussões no futuro e uma boa parte do primeiro período do próximo ano vai ter que ser ocupada com conteúdos que não puderam ser abordados este ano", afirmou.

O Governo anuncia na quinta-feira a decisão de manter ou não a suspensão das atividades letivas presenciais em todos os estabelecimentos de ensino, implementada em 16 de março para conter a propagação do novo coronavírus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 83 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).

Dos infetados, 1.211 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 196 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.

 

MYCA // HB

Lusa/Fim

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela