Secções
Entrar

Câmara de Faro partilhou dados de manifestantes pró-Palestina

Pedro Henrique Miranda 01 de agosto de 2025 às 17:39

O autarca de Faro fala num "lapso involuntário" de uma funcionária da câmara, e ativou mecanismo de resposta ao incidente.

A Câmara Municipal de Faro partilhou sem autorização as identidades dos organizadores da manifestação "Panelada de apoio à Palestina e contra o genocídio na Faixa de Gaza", denunciou a plataforma Algarve pela Palestina.

Scott A Garfitt/Invision/AP

Os nomes, comunicados, como prevê a lei, para a manifestação que percorreu na passada quinta-feira as ruas de Faro, estavam acompanhados de números de identificação fiscal, telemóveis e moradas dos organizadores, e foram enviados para mais de 30 entidades, "entre as quais hotéis e igrejas", lê-se no comunicado da plataforma. 

"Esta é mais uma situação de ilegalidade e de total desprezo pelos direitos individuais, que garantem a proteção deste tipo de informações", refere a Algarve pela Palestina, que questiona "o fundamento da legitimidade da comunicação" dos dados "a diversas entidades públicas e privadas que nada têm a ver com o assunto".

O autarca de Faro, Rogério Bacalhau, lamentou esta sexta-feira o sucedido, afirmando que a câmara já pediu "às entidades que receberam os dados que os apagassem", e que enviou "um e-mail a pedir desculpas aos visados", disse à Lusa. 

Dizendo ter-se tratado de um "lapso involuntário" ocorrido no momento em que as identidades dos organizadores seria comunicada à PSP, Rogério Bacalhau garantiu que a ocorrência seria comunicada à Comissão Nacional de Proteção de Dados ainda esta semana, e que a funcionária responsável "já teve formação nesta área" para evitar erros futuros.

Recorde-se que, em 2021, no mandato de Fernando Medina, a Câmara Municipal de Lisboa cometeu o que classificou como um "erro" semelhante, enviando os nomes e dados pessoais de três organizadores de uma manifestação anti-Putin à Embaixada da Rússia em Lisboa e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Em janeiro de 2022, a Comissão Nacional de Proteção de Dados aplicou à câmara de Lisboa uma multa de €1,25 milhões por violações do Regulamento Geral de Proteção de Dados, identificando 225 contraordenações nas comunicações feitas pelo município no âmbito de manifestações, comícios ou desfiles. No ano passado, o Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa reduziu a coima para €1 milhão, decisão de que o executivo de Carlos Moedas decidiu recorrer. 

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

A longa guerra dos juízes que não se suportavam - o ataque

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

A longa guerra dos juízes que não se suportavam - o contra-ataque

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Vida

Encontraram soldados nazis enterrados no quintal

TextoSusana Lúcio
FotosSusana Lúcio
Exclusivo

Repórter SÁBADO. Jihadista quer cumprir pena em Portugal

TextoNuno Tiago Pinto
FotosNuno Tiago Pinto