Sábado – Pense por si

Nuno Tiago Pinto
Nuno Tiago Pinto
12 de abril de 2019 às 23:04

As mulheres da jihad

Foram polícias da moral e dos costumes, recrutadoras e propagandistas. Podem até ter estado só a cuidar da casa, dos maridos e dos filhos - mas foram parte ativa, e fundamental, de um grupo terrorista. É preciso não olhar para elas apenas como vítimas

Em agosto de 2014, pouco depois de Abu Bakr al Baghdadi proclamar a instauração de um califado entre o Iraque e a Síria, a alemã Jennifer W. partiu para a região e juntou-se ao Estado Islâmico (EI). Aí, casou-se com um jihadista e subiu rapidamente na estrutura do grupo terrorista, tornando-se membro da Hisbah, a polícia da moral. De AK-47 ao ombro e cintura de explosivos, patrulhava as ruas de cidades como Mosul e Falluja a garantir que todas as normas eram cumpridas. Em janeiro de 2016 decidiu ir à embaixada alemã em Ancara, na Turquia. No entanto, foi detida pelas autoridades turcas e deportada para a Alemanha – onde foi libertada e passou os dois anos seguintes a tentar regressar ao EI. Quando o conseguiu, correu-lhe mal. O motorista que se predispôs a levá-la até à fronteira da Turquia era na verdade um agente das autoridades, e ouviu-a descrever a vida que teve no califado e como, juntamente com o marido, no verão de 2015 comprou uma rapariga yazidi de cinco anos para a usar como escrava. Pior: quando a menina adoeceu e urinou no colchão, como castigo, o marido acorrentou-a na rua ao calor e deixou-a aí a morrer de sede. Jennifer W., agora com 27 anos, não fez nada para a salvar. No passado dia 9 começou a ser julgada no tribunal de Munique, acusada de homicídio, crimes de guerra e adesão a organização terrorista.

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