A Índia poderia estar mais próxima dos EUA, desde que Washington assumiu a travagem da ascensão da China como prioritária. Mas as tarifas de Trump fizeram afastar Modi da rota ocidental e a preferir o lado da "nova ordem autocrática", vinda de Leste e liderada por Pequim. Xi agradece, Putin sorri. Trump, possivelmente, nem percebeu. Podia (devia) ter seguido a lição de Biden
A presença de Narendra Modi na China e o encontro do primeiro-ministro da Índia com o líder chinês, em Tianjin, revelaram uma nova face do atual momento indiano. Nos últimos anos, Nova Deli parecia querer aproveitar o embalo de Washington, à boleia da prioridade geopolítica assumida pelas mais recentes administrações dos EUA: travar a ascensão da China. Este é mais um caso de diferença clara entre Trump 1 e Trump 2. No primeiro mandato (2017-2021), Donald Trump parecia compreender o que estava em causa e incluiu a Índia na "quadrilateral" estratégica de Segurança para o Indo-Pacífico: o Quad, que contém, além de Washington e Nova Deli, também Tóquio e Camberra. Joe Biden viu racional nesse caminho e reforçou os poderes desse fórum, que tem como claro objetivo apresentar uma alternativa de poder à China naquela região. Mas Biden fez mais: estabeleceu uma parceria estratégica com a Índia, robustecida nas dimensões económica e militar. Em mais um caso de obsessão trumpiana de desfazer o que Biden fez, o atual Presidente dos EUA optou por uma grande proximidade com o Paquistão e por um distanciamento com a Índia. A insistência nas tarifas de 50% levaram Modi a querer dar um sinal de insatisfação com Trump. Resultado: a Índia reaproximou-se da China, sua rival. Os voos entre os dois países serão retomados. Pequim e Nova Deli prometem esquecer disputas na fronteira. O "dragão" chinês e o "elefante" indiano nunca foram tão amigos. Xi fortalece-se, Putin sorri. Trump? Nem percebeu. Tivesse aprendido a lição de Biden.
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O tarefeiro preenche um buraco, não constrói a casa. Tal como no SNS, a proliferação de tarefeiros políticos não surge do nada. É consequência de partidos envelhecidos, processos de decisão opacos, e de uma crescente desconfiança dos cidadãos.
António Ramalho Eanes, general e Presidente da República, com a sua assinalável sabedoria e enorme bom-senso, disse que essa é uma data que deve ser assinalada e recordada, mas não comemorada.