A reformulação dos quadros competitivos em Portugal não só é desejável como imperioso pois mais competitividade, mais jogos entre os grandes e entre estes e Braga, Guimarães, Famalicão, etc., trará mais público para os estádios, mais patrocínios, maiores audiências, mais interesse pela Liga Portuguesa.
A Bélgica, cuja Liga de futebol (Jupiler Pro League) aparece logo atrás da Liga Portuguesa no ranking dos principais campeonatos europeus de futebol, decidiu proceder no ano passado a uma reformulação dos seus quadros competitivos, reduzindo o número de clubes que disputam a Jupiler Pro League (1.ª divisão) para 16 equipas (ao invés das anteriores 18) e apostando num novo formato da competição cujo modelo assenta, agora, na realização de uma primeira fase regular da competição composta por 30 jogos e, numa segunda fase, num playoff onde se apura o campeão (disputado pelos seis primeiros classificados da fase regular) e determina quem desce (disputado pelos demais).
Já este ano, as equipas do futebol belga voltaram a reunir-se em assembleia-geral para discutir os problemas da Pro League, tendo manifestado vontade em proceder a uma nova redução do número de clubes que disputam a Pro League para 14 equipas.
Na Pro League belga, cujo estádio com maior capacidade de assistência pertence ao Brugges com 29062 espectadores, o que representa menos de metade do estádio da Luz, a assistência média na época passada foi de 11.118 espectadores, o que representa um crescimento de 15% face ao ano anterior.
Na Liga Portuguesa, que conta com 3 estádios com lotação superior a 50 mil espectadores e dois acima dos 30 mil (Vitória e Braga), a assistência média foi na ordem das 12 mil pessoas!
E, note-se, estamos a falar de dois países similares em termos do número de população (a Bélgica tem mais um milhão de habitantes do que Portugal).
Por sua vez, na Dinamarca, a principal Liga daquele país viu o número de clubes reduzir-se de 14 para 12 em 2020/2021, passando aquela Liga a assentar num modelo mais próximo do que defendo, o qual consiste na realização de uma fase regular composta por 22 jogos, finda a qual se disputa, com a preservação integral dos pontos ali obtidos, uma fase final de 10 jogos em que participam as seis melhores equipas da fase regular que se voltam a bater entre si para se apurar o campeão, aplicando-se o mesmo modelo e critérios para as equipas que descem de divisão.
Ora, desde que se procedeu a esta reformulação dos quadros competitivos na Dinamarca, a assistência média nos estádios cresceu cerca de 60% (!!), sendo este o crescimento mais expressivo em toda a Europa do futebol.
Claus Thomsen, CEO da Liga Dinamarquesa, numa entrevista concedida no ano passado, atribuía esse crescimento à maior competitividade da Liga e ao novo formato da mesma.
Enquanto tudo isto se vai passando por outras Ligas, em Portugal, numa altura em que se aproximam os momentos decisivos para a negociação da centralização dos direitos televisivos, assistimos a uma imensidão de jogos desinteressantes e mal jogados com menos de 2000 mil pessoas nos estádios, sendo que Porto, Benfica e Sporting, na esmagadora das vezes, jogam apenas para cumprir calendário pois não existe qualquer incerteza ou emotividade no resultado tal é a diferença abissal para a grande maioria dos adversários.
A reformulação dos quadros competitivos em Portugal não só é desejável como imperioso pois mais competitividade, mais jogos entre os grandes e entre estes e Braga, Guimarães, Famalicão, etc., trará mais público para os estádios, mais patrocínios, maiores audiências, mais interesse pela Liga Portuguesa e, no fim da linha, muito mais receita para os clubes, clubes esses que se deparam, presentemente, com necessidades cada vez mais prementes de mais valias substanciais com a venda de jogadores para equilibrar os seus orçamentos.
Haja coragem para dar o passo em frente em prol do futuro e da melhoria do futebol português.
2. Na Liga dos Campeões o Sporting, graças a uma boa dose de fortuna, acabou por sair de Eindhoven com um ponto importante mas foi evidente, durante largos momentos do jogo, que o Sporting deparou-se com imensas dificuldades em assentar o seu jogo graças à velocidade e intensidade, com e sem bola, que a equipa holandesa empregou no jogo, o que acaba por ser compreensível dado que em Portugal não há muitas equipas com a qualidade individual do PSV e, sobretudo, capazes de jogar àquele ritmo.
O Benfica, por sua vez, deu um autêntico banho táctico ao Atlético do estafado Simeone.
Bruno Lage pensou bem o jogo e a forma de o abordar mas os seus jogadores executaram ainda melhor o seu plano de jogo dentro do campo.
O Benfica ao recuar a sua primeira linha de pressão (substituindo também Aursnes por Di Maria nos homens da frente encarregues de fazer a primeira fase de pressão) conseguiu que os seus sectores estivessem mais juntos e compactos, expondo menos o seu sector defensivo.
Ao recuar as linhas e dar a iniciativa de jogo ao Atlético, o Benfica preparou-se para o momento da recuperação de bola por forma a partir rápido para as transições ofensivas, sendo que o critério com bola e a qualidade individual dos homens da frente, com especial destaque para Di Maria, acabou por fazer o resto e o resto foi uma goleada ao sempre chato e difícil Atlético de Madrid.
Há quem ainda não consiga encarar um FC Porto sem Pinto da Costa, tal era o culto da personalidade que cultivavam, e mostre resistência em estar de corpo e alma com o clube, aproveitando qualquer momento menos bom para apoucar quem dirige os destinos do FC Porto.
É inegável que o FC Porto ficou mais fraco com o fim do mercado de Janeiro e que a luta pelo título parece ser cada vez mais uma miragem, mas aproveitemos os próximos meses pela frente para trabalhar as novas ideias do treinador, fazer crescer os jovens jogadores do plantel e lutar pelo acesso à tão importante Champions League.
Se no FC Porto não há anos zero, este será o ano zero de Martin Anselmi que deverá lançar as bases para termos um FC Porto competente e muito melhor preparado no futuro.
O tempo que avaliará Anselmi não é o tempo dos adeptos que exigem respostas imediatas em campo e resultados desportivos à altura dos pergaminhos do FC Porto.
Perante este cenário grotesco, que permite perceber melhor como é que uns iam enriquecendo enquanto o clube ficava cada vez mais perto do abismo financeiro, não é possível nem aceitável que não se extraiam consequências desta auditoria. Só assim estaremos a ser implacáveis com quem tiver lesado o FC Porto.
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"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".