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Miriam Assor
Miriam Assor
01 de setembro de 2025 às 16:17

Hipocrisia

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Edição de 26 de agosto a 1 de setembro

Agora, com os restos de Idan Shtivi, declarado oficialmente morto, o gabinete do ministro Paulo Rangel solidariza-se com o sofrimento do seu pai e da sua mãe, irmãos e tias, e tios. Família. Antes, enquanto nas mãos sangrentas, nem sequer um pio governamental Idan Shtivi mereceu.

Prestou homenagem ao cidadão luso israelita. O governo de Portugal, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Escreveu, aliás, enfatizou que a homenagem era sentida. Sentida. O presidente da República não quis ficar atrás, manifestou sentido pesar. Saiu-lhes da aorta. É. Lembra lágrimas de plástico que escorrem em rostos falsos nos velórios onde quem está no caixão é sempre boa pessoa, mas apenas após o óbito.  Idan Shtivi dançava no Festival Supernova, no horrendo 7 de Outubro de 2023, quando terroristas do Hamas irromperam para matar, queimar, degolar e violar o máximo de pessoas que pudessem. O jovem fotógrafo de 28 anos foi levado para Gaza, esse chão que é a capital do terrorismo. Como muitos israelitas, que apenas estavam a dançar, feito refém. Vivos ou sem vida, tanto faz ao Hamas. Guardam esqueletos, que ainda respiram, nos túneis e enterram caveiras debaixo das mesas para moeda de troca.

Apresentou condolências à família e ao povo de Israel. O governo de Portugal via o ministro Paulo Rangel. Idan Shtivi, cujo corpo, as Forças de Defesa de Israel e o serviço de segurança Shin Bet, recuperam, e o Instituto de Medicina Legal Abu Kabir procedeu à devida identificação, já tinha a nacionalidade portuguesa no dia que o Hamas o matou e o escondeu. Agora, com os restos de Idan Shtivi, declarado oficialmente morto, o gabinete do ministro Paulo Rangel solidariza-se com o sofrimento do seu pai e da sua mãe, irmãos e tias, e tios. Família. Antes, enquanto nas mãos sangrentas, nem sequer um pio governamental Idan Shtivi mereceu. Nem Idan, nem outros israelitas que detinham também dupla nacionalidade. Pode fazer pandã com a Cruz Vermelha.

A solidariedade, essa, exteriorizada pelo governo de Luís Montenegro, não condiz com o processo para o reconhecimento do Estado da Palestina, que deu início com a intenção de concluir este procedimento em Setembro, durante a 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas. O Hamas é o senhorio de Gaza e arredores, Mahmoud Abbas, sabe bem, que o próprio manda menos que uma folha no vento. Portugal está, pelo seu próprio pé, na fila para admitir o abstrato de uma região geográfica, e concordar com o responsável pelo assassinato dos seus conterrâneos. Deveria perceber, contudo, não lhe interessa, que não é o momento para proceder ao reconhecimento de um território dirigido por criminosos. É pena e perigoso que se arraste à quase semelhança da desvairada Francesca Paola Albanese.

O Hamas implementou, desde 2006, há 19 anos, dezanove, um reino teocrático dirigido por facínoras. Ao contrário da propaganda de imagens e de mentiras, o Hamas não quer um estado palestiniano, não quer saber da tragédia que causou e causa em Gaza, o Hamas, com os seus abutres a comer à grande e à francesa e que pontapeia a desgraça da sua gente, quer implementar um Estado islâmico em Gaza e territórios afins para eliminar, à vontade, Israel. Homenagear uma vítima e dar palmadas nas costas do assassino chama-se, só para começar o palavreado, incongruência.

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