Neste momento não há espaço para luxos ou consumos excessivos de água no Algarve. No futuro, este cenário poderá alastrar-se e agravar-se por todo o país.
As alterações climáticas vieram para ficar, mas ainda não nos habituamos à ideia de que será necessário adaptar o nosso estilo de vida, seja pela capacidade de mudança do ser humano ou por força da natureza. A seca extrema que se vive no Algarve e Alentejo é o verdadeiro exemplo disso, afetando as populações dessas regiões e indiretamente o resto do país, que vê os preços das frutas e vegetais a aumentar devido à falta de água para a agricultura.
Estes períodos de seca que têm vindo a assolar Portugal nos últimos anos não nos vão dar tréguas até porque o nosso jardim à beira-mar plantado, com influências do Mediterrâneo e do Atlântico, está especialmente suscetível aos efeitos das alterações climáticas. Os níveis de pluviosidade têm diminuído drasticamente e os períodos de seca extrema têm sido cada vez mais frequentes nomeadamente nas regiões mais a sul do país. O clima quente e seco que atrai turistas para este paraíso europeu e impulsiona a nossa economia pode ser um dos nossos maiores calcanhares de aquiles, com o aumento progressivo da temperatura média global.
Apesar da diminuição da chuva poder ajudar a vender a ideia de um país em que se pode ir à praia todo o ano, o aumento dos períodos de seca tem impactos devastadores ao nível ambiental, económico e social. Contrariamente ao que a maioria das pessoas pensa, muitos desses impactos deixaram de ser um problema para um futuro longínquo a cargo das próximas gerações, sendo já sentidos em pleno ano de 2024, especialmente na agricultura e na disponibilidade de água para consumo.
Muitos dedos se apontam para os culpados da falta de água nestas regiões: ora são os agricultores, por utilizarem técnicas pouco desenvolvidas e praticarem agricultura intensiva, ora são os cidadãos que têm os consumos diários muito elevados, ora são os campos de golfe e empreendimentos turísticos que têm a sua atividade assente num consumo desenfreado deste recurso. Queremos fruta, mas só da bonita, porque a feia não entra nos padrões do supermercado. Queremos férias no Algarve numa casa com piscina para nos refrescar depois de um banho de sol. Queremos turismo que atraia estrangeiros endinheirados para a maior concentração de campos de golfe do país. Mas esquecemo-nos que sentimos na pele o impacto destes luxos no momento em que se diminui o caudal da água nas torneiras e aumenta o preço das hortícolas nacionais.
No final do dia, a verdadeira culpa é de todos, que contribuímos para a exploração intensiva dos recursos naturais todos os dias e para a produção em massa que alimenta o aquecimento global. O pior de tudo é que, neste momento, ainda não estamos preparados, muito menos conscientes de que temos que diminuir drasticamente o nosso consumo. Esta diminuição não é capricho dos ambientalistas, mas sim uma necessidade para todos.
Segundo o World Resources Institute, prevê-se que Portugal esteja em risco de elevado stress hídrico em 2040, não tendo água disponível para satisfazer as necessidades mais básicas. Atualmente temos consumos de água per capita a rondar os 192 litros por dia, estando bem acima dos 144 litros da média europeia. Assim, o uso consciente da água deve ser uma responsabilidade partilhada, até porque tanto os seres humanos como as atividades económicas necessitam de água para sobreviverem. Desde a agricultura à industria, passando pela produção de energia e turismo, todas estas atividades precisam de água para operarem.
Neste momento não há espaço para luxos ou consumos excessivos de água no Algarve. No futuro, este cenário poderá alastrar-se e agravar-se por todo o país se não começarmos já hoje a ser resilientes no combate à crise climática.
Depois do verão mais quente de sempre e dos mais recentes tsunamis geopolíticos, que têm comprometido a estabilidade global e os compromissos internacionais para o combate às alterações climáticas, esta organização traz consigo uma vontade redobrada de fazer cumprir os compromissos portugueses quer ao nível nacional e internacional.
Este descuido permitiu que os oligarcas da era digital minassem os sistemas económico e político, enquanto que a União Europeia tenta agora recuperar a autoridade que lhe escapou por entre os dedos.
As imagens apocalípticas dos incêndios parecem, assim, uma premonição do caos que se avizinha, especialmente tendo em conta que acontecem mesmo antes da tomada de posse de Donald Trump, um dos mais notórios promotores do negacionismo climático a nível internacional.
As odes de revertermos a situação climática para onde caminhamos parecem cada vez mais escassas e o aproximar do final da década deixa-nos cada vez com menos tempo.
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Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
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