Na abertura de um debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, sobre o estado das negociações entre UE e Reino Unido para a concretização do Brexit, tanto o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, como o negociador-chefe da União, Michel Barnier, saudaram o recente discurso da primeira-ministra britânica Theresa May, em Florença, por ter mostrado maior "abertura", mas apontaram que palavras não bastam e sublinharam as diferenças que subsistem ao fim de seis meses e quatro rondas de negociações.
"Estou satisfeito por a primeira-ministra May e a sua equipa terem reconhecido que o Reino Unido tem obrigações financeiras que deve respeitar. Contudo, o diabo está como sempre nos detalhes, e os contribuintes da UE 27 não devem pagar pela decisão britânica", advertiu o presidente da Comissão Europeia.
Juncker comentou que o discurso proferido por May em Florença a 22 de Setembro passado "foi conciliatório, mas discursos não são posições negociais e resta muito trabalho pela frente".
"Ainda não fizemos progressos suficientes" a nível dos termos do "divórcio" para se poder avançar para discussões sobre as relações futuras, reiterou o presidente do executivo comunitário.
Jean-Claude Juncker reconheceu que foram realizados "bons progressos a nível dos direitos dos cidadãos", mas ressalvou que "o indispensável papel do Tribunal de Justiça da UE para garantir esses direitos ainda tem que ser acordado".
Também Barnier saudou a "abertura" manifestada por May no seu discurso, mas sublinhou que permanecem "divergências sérias, em particular sobre o acordo financeiro".
"Sobre essa questão, as coisas são simples: não aceitamos pagar a 27 o que foi decidido a 28, é tão simples quanto isso. Os cidadãos não têm que pagar a consequência de uma decisão que não tomaram. Nem mais, nem menos do que isso", declarou, sendo aplaudido pela assembleia.