Documento refere que 22% das meninas de 12 a 17 anos estão fora da escola, em comparação com 16% dos seus colegas do sexo masculino
A sociedade civil angolana recomendou ao Governo deAngolaa revogação de uma exceção ao artigo 24.º do Código da Família, que permite o casamento de meninas aos 15 anos e de meninos aos 16.
A posição consta do relatório sombra da sociedade civil angolana, a que agência Lusa teve hoje acesso, e apresenta uma perspetiva alternativa ao Relatório de Angola para o III Ciclo da Avaliação Periódica Universal (UPR) sobre direitos humanos, que o país vai apresentar no Grupo de Trabalho do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, Suíça, entre 07 e 12 de novembro.
O documento, elaborado no âmbito do Grupo de Trabalho de Monitoria dos Direitos Humanos em Angola (GTMDH) refere que 22% das meninas de 12 a 17 anos estão fora da escola, em comparação com 16% dos seus colegas do sexo masculino, segundo dados de 2018 do Governo de Angola, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Instituto Nacional de Estatística (INE).
"Uma das razões é a existência continuada de casamento infantil na nossa sociedade", refere o documento da sociedade civil.
Segundo o documento, o artigo 24.º do Código da Família permite o casamento de meninas e meninos aos 15 e 16 anos, respetivamente, em circunstâncias vagamente definidas, o que contradiz o artigo 24.º da Constituição da República de Angola, onde a maioridade é estabelecida aos 18 anos.
Nesse sentido, recomendam que o Estado angolano "observe essa violação dos direitos das meninas e da discriminação do género, revogando a exceção do artigo 24.º do Código da Família".
"O Governo deve seguir outros exemplos de países africanos como Moçambique e Suazilândia [Essuatíni], que alinharam as suas leis com o aumento de pedidos internacionais para a eliminação do casamento infantil. O Governo deve ir além e criminalizar esse ato horrendo", lê-se no documento.
Na semana passada, o Governo angolano trouxe a debate público o Relatório de Angola para o III Ciclo do UPR, com vista a fortalecer as capacidades técnicas dos membros da Comissão Intersetorial para Elaboração de Relatórios de Direitos Humanos e da sociedade civil.
O Grupo de Trabalho de Monitoria dos Direitos Humanos em Angola (GTMDH) é uma rede que congrega 21 associações e organizações da sociedade civil com abrangência nacional e que, desde 2009, vem monitorizando o processo de Revisão Periódica Universal.
Sociedade civil pede ao Governo angolano que revogue permissão para casamento infantil
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Num mundo incerto e em permanente mudança, onde a globalização e a tecnologia redefinem o modo de conceber e fazer justiça, as associações e sindicatos de magistrados são mais do que estruturas representativas. São essenciais à vitalidade da democracia.
Só espero que, tal como aconteceu em 2019, os portugueses e as portuguesas punam severamente aqueles e aquelas que, cinicamente e com um total desrespeito pela dor e o sofrimento dos sobreviventes e dos familiares dos falecidos, assumem essas atitudes indignas e repulsivas.