Sábado – Pense por si

Oposição contradiz "participação histórica" relatada por Maduro

31 de julho de 2017 às 08:46
As mais lidas

Enquanto a oposição anuncia 90% de abstenção, Maduro aplaude a "maior participação" nas eleições. Constituinte será empossada num prazo de 24 a 72 horas

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou hoje que 8.089.320 pessoas votaram, no domingo, nas eleições para a Assembleia Constituinte, promovida pelo Presidente Nicolas Maduro, e poucos incidentes violentos. Contudo, a oposição e a Associated Press contam uma história completamente diferente.

A oposição relata mesas de voto completamente vazias, pressão para votar e violência sobre a população. Também a agência Associated Press, ao visitar cerca de trinta locais de voto, não encontrou multidões.

Ao contrário do que a oposição relatava, o Governo venezuelano fala de uma participação "histórica". O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, elogiou os venezuelanos pela "lição de coragem" nas eleições, de domingo, para a Assembleia Constituinte.

"Temos Assembleia Constituinte (...) oito milhões (de votos) em meio de ameaças (...) foi a votação mais grande que teve a revolução bolivariana em 18 anos. O povo deu uma lição de coragem, de valentia. O que vimos foi admirável", declarou Maduro, perante centenas de apoiantes que se concentraram na Praça Bolívar, em Caracas, à espera dos resultados das eleições e comemorar a vitória.

Assembleia Constituinte será empossada num prazo de 24 a 72 horas

O vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder) anunciou hoje que a Assembleia Constituinte vai ser empossada num prazo de 24 a 72 horas.

"A Assembleia Constituinte é um facto e vai ser empossada no prazo máximo de 72 horas. Mas poderá acontecer em 24" horas, disse Diosdalo Cabello aos jornalistas.

A cerimónia vai decorrer no Palácio Federal Legislativo, sede da Assembleia Nacional (parlamento), onde a oposição detém a maioria desde janeiro de 2016.

Mais de 60 detidos e pelo menos dez mortos em protestos

No mesmo dia, os protestos ocorridos no domingo na Venezuela por causa das eleições para a Assembleia Constituinte causaram dez mortos e 64 detidos, segundo a organização não governamental Foro Penal Venezuelano e o Ministério Público.

Na rede social Twitter, aquela organização não governamental escreveu que as detenções ocorreram em vários locais do país, incluindo Caracas, precisando que trinta das detenções ocorreram no estado de Zulia e outroas cincoem Mérida e Monagas.

Já o Ministério Público venezuelano indicou que pelo menos dez pessoas, incluindo dois adolescentes de 13 e 17 anos, morreram.

Quatro pessoas morreram no estado de Tachira (oeste), na fronteira com a Colômbia, durante manifestações. Três homens foram mortos no estado de Merida (oeste, um no estado de Lara (norte), um no estado de Zulia (norte) e um dirigente da oposição no estado de Sucre (norte), indicou num novo balanço o Ministério Público venezuelano.

Em conferência de imprensa, transmitida em direto pelas rádios e televisões do país, a presidente do CNE, Tibisay Lucena, indicou que estes números são as primeiras projeções e mais dados vão ser divulgados posteriormente.

Mas o número para os protestos pode ser ainda maior, indica a agência Reuters, citando fontes da oposição. Os protestos aconteceram contra a Assembleia Constituinte, um parlamento temporário, que servirá para elaborar uma nova Constituição para a Venezuela. Nas eleições não participaram deputados da oposição, que receiam que o Congresso, antigo detentor do poder legislativo e dominado pelos partidos contra Maduro, seja sancionado. Desde Março que o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela assumiu o poder legislativo.

Desde 1 de Abril, mais de 115 pessoas morreram e milhares ficaram feridas. Para o governo de Maduro, as eleições são a forma de alcançar a paz. Para a oposição, é uma maneira de o presidente venezuelano instituir um regime ditatorial num país onde milhões de venezuelanos sofrem com a falta de comida e com a inflação alta, que não lhes permite comprar alimentos básicos como farinha e arroz. "Às vezes tiro pão da minha boca e dou-o aos meus dois filhos. Isto é uma farsa. Quero dar um estalo a Maduro", disse Tina Sanchez, empregada de uma farmácia, à Reuters.

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.