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Novo primeiro-ministro britânico quer acabar com deportação de migrantes para o Ruanda

Antecessor conservador, Rishi Sunak, planeava iniciar expulsões já este verão. Autoridades terão até começado a fazer detenções de migrantes para serem enviados para o país africano.

O novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse este sábado, no primeiro dia em que exerce funções, que "não estava pronto" para continuar com o plano do governo conservador anterior de deportar migrantes para o Ruanda. Prometeu assim implementar mudanças, embora tenha avisado que poderá levar algum tempo.

REUTERS/Claudia Greco/Pool

"O esquema do Ruanda estava morto e enterrado antes de começar. Nunca foi um impedimento (…), não estou preparado para continuar com medidas enigmáticas", disse durante uma conferência de imprensa, organizada após o primeiro conselho de ministros do governo trabalhista.

Este anúncio já seria esperado, visto que enquanto opositor, Keir Starmer já tinha anunciado a sua intenção de colocar um fim a este polémico projeto, lançado em 2022, que custou centenas de milhares de libras e que nunca foi implementado. O plano consistia no envio de migrantes ou requerentes de asilo para o Ruanda, sem possibilidade de regresso ao Reino Unido.

O antigo primeiro-ministro, Rishi Sunak, planeava até iniciar as expulsões de migrantes já neste verão, segundo o Le Monde, tendo as autoridades começado a fazer detenções logo no início de maio, para envio para o Ruanda. Contudo, com a incerteza colocada pelas eleições legislativas, os tribunais ordenaram a libertação de dezenas de pessoas.

O governo de Starmer, que deu este sábado as boas-vindas aos novos ministros, garante agora ter um enorme desafio nas mãos. À CBS News Tim Bale, professor de política na Universidade Queen Mary de Londres, relembra que não basta colocar fim a um projeto: também é necessário encontrar soluções.

"Só porque o Partido Trabalhista obteve uma vitória esmagadora não significa que todos os problemas que o governo conservador enfrentou desapareceram", disse Tim Bale. "Os trabalhadores precisarão de encontrar uma solução para os pequenos barcos que atravessam o canal. Vai abandonar o esquema do Ruanda, mas terá de encontrar outras soluções para lidar com esse problema específico."

Desde o início do ano que mais de 13.500 migrantes cruzaram o Canal da Mancha para chegar ao Reino Unido. 

"Temos muito trabalho a fazer, então agora vamos continuar com o nosso trabalho", afirmou o primeiro-ministro britânico.

O Partido Trabalhista de Starmer derrubou os Conservadores a 5 de julho. Entre os problemas que agora terão que enfrentar, estão a promoção de uma economia lenta, a reparação de um sistema de saúde falido e o restabelecimento da confiança no governo.

Keir Starmer terá já a partir da próxima semana uma agenda lotada. Irá viajar para Washington para uma reunião da NATO e será ainda o anfitrião da cimeira da Comunidade Política Europeia a 18 de julho, um dia depois da abertura do Parlamento e do discurso do rei, que também define a agenda do novo governo.

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