Confrontos entre a polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas baleadas desde 21 de outubro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane chegou esta quinta-feira, 09, cerca das 08:20 a Maputo depois de dois meses e meio a liderar a contestação aos resultados das eleições gerais a partir do exterior e sob fortes medidas de segurança na zona do aeroporto.
LUISA NHANTUMBO/LUSA_EPA
Desde há mais de duas horas têm-se intensificado os tiros, de gás lacrimogéneo e de metralhadora, nas imediações do aeroporto, onde os apoiantes de Mondlane estão concentrados e a tentar furar os acessos, que estão bloqueados e fortemente vigiados pela polícia e por militares.
Fonte próxima do candidato disse à Lusa que Mondlane pretende sair do aeroporto e dirigir-se ao centro da cidade para "falar com o povo".
Mondlane anunciou que o seu regresso ao país marca o início da nova fase de contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro, que denominou de "Ponta de lança".
"Se me quiserem assassinar, assassinem. Se quiserem prender-me, prendam. Sei que na minha queda a fúria popular que se vai verificar em Moçambique não tem comparação na história de África e de Moçambique", disse.
Confrontos entre a polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas baleadas desde 21 de outubro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou 15 de janeiro para a tomada de posse do novo Presidente, que sucede a Filipe Nyusi.
Em 23 de dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar.
O anúncio levou de imediato a novos confrontos, destruição de património público e privado, manifestações, paralisações e saques, mas na última semana, sem novas convocatórias de protestos, a situação normalizou-se em todo o país.
O Tribunal Supremo já afirmou, anteriormente, que não há qualquer mandado de captura emitido para Mondlane nos tribunais.
Mas o Ministério Público abriu processos contra o candidato presidencial, enquanto autor moral de manifestações que, só na província de Maputo terão causado prejuízos, devido à destruição de infraestruturas públicas, no valor de mais de dois milhões de euros.
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