O candidato presidencial fugiu de Moçambique após as eleições de 9 de outubro e tem organizado manifestações de contestação ao resultado a partir do estrangeiro. Regressou a dias da tomada de posse de Daniel Chapo.
Venâncio Mondlane regressou, esta quinta-feira, a Moçambique, a dias da tomada de posse de Daniel Chapo como presidente da República. Um regresso muito aguardado pela população, que tem estado nas ruas a contestar o resultado eleitoral de 9 de outubro. Três pessoas terão já morrido, alegadamente mortos pela polícia durante a receção ao candidato presidencial.
Venâncio MondlaneCarlos Uqueio/AP
No dia 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo foi anunciada pela Comissão Nacional de Eleições moçambicana, várias semanas depois do dia eleitoral. O candidato da Frelimo, partido que tem estado no poder desde a independência de Portugal em 1975, venceu com 65,17%. Em segundo lugar ficou Venâncio Mondlane apoiado pelo partido Podemos.
Desde então, vários órgãos de observação internacionais tornaram públicas as suas dúvidas em relação ao resultado, alegando fraude eleitoral. Entre eles, a Missão de Observação Eleitoral da UE "registou irregularidades durante a contagem dos votos e a alteração injustificada dos resultados eleitorais". Também os EUA enviaram um órgão de observação eleitoral, que denunciou compra de votos, inflação dos cadernos eleitorais e a intimidação de eleitores.
Esta incerteza, em conjunto com a contestação do povo moçambicano, levou ao caos nas ruas da capital, Maputo. O principal instigador dos protestos, Venâncio Mondlane, refugiou-se na África do Sul dias antes da oficialização do resultado eleitoral e depois do assassinato de dois membros da sua campanha, o advogado Elvino Dias e o seu assessor de imprensa, Paulo Guambe. É incerto onde tem estado desde então.
Três mortes no seu regresso
O regresso de Mondlane a Maputo aconteceu dias antes da tomada de posse do próximo presidente, Daniel Chapo, que está marcada para dia 15. Há cerca de dois meses e meio que o candidato do Podemos tem estado a promover, a partir do estrangeiro e através das redes sociais, manifestações de contestação que resultaram em confrontos com a polícia, deixando quase 300 mortos.
Chegou à capital com uma lei de flores à volta do pescoço e uma bíblia na mão. À saída do aeroporto disse aos jornalistas querer "quebrar a narrativa" criada pela sua ausência, "apesar de vocês conhecerem todos os condicionalismos que me levaram a estar fora do país, eu tinha de quebrar essa narrativa de que estou ausente por vontade própria", acrescentando que está pronto para negociar, "estou aqui presente, em carne e osso, para dizer que se querem dialogar comigo, estou aqui".
Acusou ainda o regime de ter criado "uma estratégia de genocídio silencioso", na qual "as pessoas estão a ser sequestradas nas suas casas, estão a ser executadas extrajudicialmente nas matas, estão a ser descobertas valas comuns com supostos apoiantes de Venâncio Mondlane". Por isso, defendeu que não podia "estar ao fresco, bem protegido" enquanto os seus apoiantes estão a ser "massacrados".
Segundo Venâncio, não houve "nenhum acordo político" para o seu regresso, e este foi uma "decisão unilateral". O revolucionário disse ainda ter falado com o presidente, onde lhe disse que voltava para Moçambique "mesmo com todos os riscos" e que vinha para "provar que não saí por medo de ser morto". O Supremo Tribunal também já informou que não lhe tinha sido emitido qualquer mandado de captura.
Assim que chegou à capital, Mondlane andou pelas ruas de Maputo, a sua carrinha rodeada de apoiantes a gritarem o seu nome. Durante a viagem, o candidato parou para discursar no Mercado Estrela, onde a polícia baleou um jovem na cabeça ao fazer disparos para dispersar a multidão de apoiantes da comitiva do candidato. No total, a RDP África já divulgou que houve pelo menos três mortos, apenas esta manhã.
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