Manifestação foi convocada mais uma vez pelo candidato derrotado nas presidenciais, Venâncio Mondlane. "Eu votei no Venâncio, é povo no poder. Tem de haver mudança", diz à Lusa Lolita Langa, uma das manifestantes.
Algumas artérias da cidade de Maputo estão bloqueadas desde o início da manhã por manifestantes pró Venâncio Mondlane, que ocuparam as ruas, impedindo o trânsito e espalhando contentores do lixo e pedras pelas vias, em protesto contra o processo eleitoral.
Nas avenidas 24 de Julho e Guerra Popular, artérias centrais da capital moçambicana, desde as 8h (6h em Lisboa) que não se circula, com manifestantes a arrastarem à força de braços contentores de grandes dimensões para o centro da via, enquanto outros colocam pneus, paus e pedras, travando qualquer automobilista que arriscasse passar.
Cerca das 8h30 locais, a polícia ainda fez um disparo de gás lacrimogéneo na avenida 24 de Julho, mas os manifestantes acabaram por não dispersar, limitando-se as autoridades, com blindados no local, a tentar desbloquear a via, sem incidentes, enquanto outros jogavam à bola no centro da avenida ou dançavam e cantavam. Alguns, com cartazes "não somos vândalos" colados à roupa, ao som de vuvuzelas e apitos, saltavam à corda.
Igual cenário era vivido na avenida 25 de Setembro, na baixa da cidade, com manifestantes que apoiam o candidato presidencial Venâncio Mondlane a colocarem barreiras na via, com recurso a carrinhos de mão e bancadas de venda, impedindo o trânsito e repetindo a contestação ao processo envolvendo os processo eleitoral envolvendo as eleições gerais de 9 de outubro.
"Eu votei no Venâncio, é povo no poder. Tem de haver mudança", diz à Lusa Lolita Langa, uma das manifestantes no meio da 25 de Setembro, entre os troços bloqueados. Posição semelhante tem Ramiro Matavel, outro jovem manifestante: "Eu votei no Venâncio e não aceito que o meu voto seja roubado. Estarei aqui até ao fim".
"Queremos os nosso direitos, roubaram os votos do nosso povo, diz por seu lado à Lusa a jovem Adozia Uqueio, enquanto ao fundo outros jovens gritavam "Povo no Poder" ao som de uma das músicas, com o mesmo nome, do falecido rapper moçambicano de intervenção social Azagaia e que se tornou um "hino" nestas manifestações.
Entre os que estão hoje na rua, a maioria são jovens, que, além da "verdade eleitoral", exigem "mudança", questionando os quase 50 anos da Frelimo no poder no país. "O que os nossos velhos não conseguiram fazer, nós queremos fazer. Queremos levantar a nossa bandeira, queremos levantar o nosso Moçambique", diz Rodrigo Santos, de 31 anos.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou à população moçambicana para, durante três dias, a partir de hoje, abandonar os carros a partir das 8h nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.
Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações, desde 21 de outubro, de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica a atualização feita sábado pela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia - que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
LUÍSA NHANTUMBO/LUSA
Embora tenha começado pacificamente, entre a avenidas Guerra Popular e Eduardo Mondlane, as manifestações tomaram outros contornos, após uma manifestante ser atropelada por um veículo da polícia. Imagens veiculadas nas redes sociais mostram o momento em que um veículo blindado da Polícia da República de Moçambique, em alta velocidade, atropela a manifestante, que foi socorrida posteriormente pela população.
O acidente deu início a novos confrontos, com a polícia a tentar dispersar as pessoas lançando gás lacrimogéneo e os manifestantes a reagirem com arremesso de pedras, que também atingiram lojas localizadas naquelas avenidas.
Alguns comerciantes começaram a fechar as suas lojas, com o manifestante a reiterarem que não vão abandonar as ruas.
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