Segundo um comunicado da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali (Minusma, em inglês), pelas 19:00 de sexta-feira (mais uma hora em Lisboa), "dois homens armados não identificados abriram fogo sobre um veículo da Minusma na cidade de Gao".
Um ‘capacete azul’ que estava na viatura sucumbiu aos ferimentos quando era transportado para o hospital, adianta o comunicado, citado pela agência France Press.
No comunicado, o chefe da Minusma, Mahamat Saleh Annadif, expressou indignação por, mais uma vez, se atacarem soldados da paz, referindo o tiroteio de quinta-feira em Aguelhok que tirou a vida a dois ‘capacetes azuis’ e feriu vários.
"Este último ataque eleva para 102 o número de ‘capacetes azuis’ que foram vítimas de ataques hostis desde o seu destacamento no Mali, em julho de 2013", adianta o comunicado.
Na quinta-feira, dois ‘capacetes azuis’ morreram e dez ficaram feridos num ataque contra um acampamento em Aguelhok, no nordeste de Mali.
No mesmo dia, quatro homens atacaram uma esquadra policial na região de Mopti (centro), sem que tenham sido registados danos.
A Minusma está a reforçar o dispositivo de segurança no centro do país, juntamente com parceiros locais, regionais e internacionais.
Destacada desde Julho de 2013, a Minusma, com cerca de 12.500 militares e polícias, é actualmente a missão de manutenção da paz das Nações Unidas com mais vítimas.
Cerca de 160 ‘capacetes azuis’ morreram no país, sendo 102 em actos hostis, constituindo mais de metade dos soldados das Nações Unidas mortos durante este período em todo o mundo.
O norte do Mali caiu em Março-Abril de 2012 nas mãos de grupos ‘jihadistas’ ligados à Al-Qaida.
Esses grupos foram, em grande parte, expulsos por uma intervenção militar internacional lançada em Janeiro de 2013 por iniciativa da França e que está ainda em curso.
Mas há zonas inteiras do país que continuam a escapar ao controlo das forças malianas e estrangeiras, regularmente alvo de ataques, apesar da assinatura, em maio-Junho de 2015, de um acordo de paz destinado a isolar definitivamente os ‘jihadistas’, mas cuja aplicação acumula atrasos.
Desde 2015, estes ataques estenderam-se ao centro e ao sul do Mali e o fenómeno está a alastrar aos países vizinhos, em particular ao Burkina Faso e ao Níger.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou a 25 de Abril de 2013 uma operação de manutenção de paz com um efectivo de 12.600 militares para assumir o controlo da missão da União Africana no Mali e autorizou os capacetes azuis a utilizar todos os meios necessários" para levar a cabo as tarefas de estabilização relacionadas com a segurança, proteger os civis, o pessoal da ONU e os artefactos culturais, e criar as condições para o fornecimento de ajuda humanitária.