Advogado da União vai apresentar recurso da decisão do Supremo que suspende a tomada de posse de Lula. Numa manifestação de apoio em São Paulo, antigo presidente diz que quer dialogar com todos os segmentos da sociedade
O juiz do Supremo Tribunal Federal brasileiro Gilmar Mendes suspendeu a nomeação de Lula da Silva como ministro da Casa Civil, declarando numa a tomada de posse de quinta-feira. Além disso, determinou que as investigações em curso no âmbito da operação Lava Jato continuem a ser conduzidas por Sérgio Moro, o juiz contestado pela presidência de Dilma e pelo PT.
Na justificação da decisão, Gilmar Mendes considerou que a nomeação de Lula tinha como único objectivo imunidade ao ex-Presidente e salvaguardá-lo de qualquer acção penal realizada por Sérgio Moro.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, já anunciou que vai recorrer da decisão do Supremo. Segundo informações do portal de notícias G1, Cardozo disse que tem "profunda discordância" do posicionamento do ministro do STF Gilmar Mendes, que interpretou a nomeação de Lula como uma manobra para desviar as investigações da Operação Lava Jato. "Nós respeitosamente discordamos da decisão dada pelo ministro Gilmar Mendes. Mesmo porque nos parece que em certa medida ela contraria a jurisprudência do próprio Supremo Tribunal Federal, que não admite ação dessa natureza, feita por mandado de segurança, tendo como impetrante um partido político", disse ao portal.
Voltou o "Lula paz e amor"
Na noite de sexta-feira, milhares de pessoas vestidas de vermelho, com bandeiras do Brasil nas mãos ou nas costas, repetiram, aos gritos, a frase "não vai ter golpe", durante um grande protesto pró-governamental organizado em São Paulo, maior cidade do Brasil. A frase de ordem foi usada para demonstrar o posicionamento dos manifestantes, contra o pedido de destituição da actual Presidente, Dilma Rousseff, em andamento na Câmara dos Deputados desde ontem à noite.
A iniciativa, convocada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), centrais sindicais, grupos de esquerda e estudantes, ocorreu de forma pacífica, com muitos discursos políticos e apresentações musicais.
Segundo um dos organizadores, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o evento juntou cerca de 380 mil pessoas. Para a Polícia Militar foram 85 mil. Já o Datafolha, uma empresa de estatísticas que faz medições destes eventos no país, estimou a presença de 90 mil participantes.
Contestados pelos partidos de oposição e por milhares de brasileiros que têm se reunido para pedir o fim do governo do PT, alguns de seus representantes mais conhecidos e lideres dos grupos políticos de esquerda estiveram na manifestação.
O atual prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o recém-nomeado ministro da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva, foram alguns dos nomes que discursaram.
Haddad salientou que a acção constituía uma grande demonstração de apoio à democracia, fazendo duras críticas às investigações da Operação Lava Jato, referente a desvios de dinheiro e corrupção na petrolífera estatal Petrobras, que tem envolvido nomes históricos do PT. "O que se tem hoje no Brasil [com a Lava Jato] é um julgamento sumário. Estamos aqui para apoiar a democracia e a Constituição", disse Haddad.
Lula da Silva, que recentemente foi obrigado a depor na operação policial e teve escutas telefónicas divulgadas pelo Ministério Público, adoptou um discurso pacifista. Agora, "estava de novo no governo apoiando a presidente Dilma Rosuseff", afirmando que voltou a ser "o Lula paz e amor". "Meu principal objectivo é dialogar com todos os segmentos da sociedade", frisou.
Na assistência, o publicitário Thiago Abreu, de 31 anos, disse à que não veio até o protesto para defender o Lula ou o PT, mas sim a democracia. "Sou contra o que o juiz Sérgio Moro [líder da operação Lava Jato] faz. Ele está jogando gasolina na fogueira e isso me incomodou muito. Gostei do discurso do Haddad e sou a favor da democracia", concluiu.
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