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Israel mantém detido por mais seis meses diretor de hospital de Gaza

Lusa 16 de outubro de 2025 às 20:28
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“A decisão foi tomada apesar de o nome do meu pai ter sido anteriormente incluído nas listas de libertação em troca de reféns”, denunciou um dos seus filhos num comunicado.

As autoridades de Israel prorrogaram por mais seis meses a detenção do médico palestiniano Abu Safiya, detido pelo exército israelita no hospital que dirigia em Gaza, no final de dezembro, indicaram esta quinta-feira a advogada e a família.

Protesto pede a libertação do Dr. Hussam Abu Safiya em Gaza
Protesto pede a libertação do Dr. Hussam Abu Safiya em Gaza AP Photo/Matias Delacroix, File

“A decisão foi tomada apesar de o nome do meu pai ter sido anteriormente incluído nas listas de libertação em troca de reféns, o que redobra a ansiedade e a perplexidade entre a sua família e todos aqueles que defendem a sua causa humanitária”, denunciou um dos seus filhos, Idris, num comunicado publicado na rede social Instagram.

“Manifestamos a nossa profunda preocupação com esta detenção contínua sem acusação nem julgamento justo”, acrescentou o texto, em referência à decisão tomada hoje por um tribunal do distrito de Berseba.

De acordo com a equipa jurídica da organização não-governamental (ONG) palestiniana Al Mezan, que o representa, Safiya — diretor do Hospital Kamal Adwan e muito vocal contra a ofensiva militar israelita em Gaza — participou por videoconferência na audiência a partir da prisão de Ofer, no território palestiniano ocupado da Cisjordânia.

A Al Mezan manifestou-se preocupada que Safiya sofra maus-tratos na prisão e, num comunicado divulgado na quarta-feira, alegou que “a ausência de indícios de libertação” poderia responder à intenção de Israel de usar a detenção do responsável do hospital, “juntamente com a de milhares de outros palestinianos”, como moeda de troca e para fins políticos.

“Este uso de prisioneiros e detidos palestinianos como instrumento de negociação constitui uma tomada de reféns de acordo com o direito internacional humanitário”, denunciou a organização.

No passado dia 25 de março, um tribunal do distrito de Berseba já tinha prorrogado a detenção de Abu Safiya por seis meses, ao abrigo da Lei dos Combatentes Ilegais de Israel, sem acusação.

Inicialmente detido até 09 de janeiro deste ano em Sde Teiman, uma prisão militar conhecida pela tortura sistemática e documentada por grupos de defesa dos direitos humanos contra prisioneiros palestinianos, o médico foi posteriormente transferido para a prisão de Ofer em 11 de fevereiro.

Quando a advogada conseguiu visitá-lo, em fevereiro, após 47 dias sem assistência jurídica, Safiya disse ter sofrido maus-tratos e tratamento degradante nas mãos das autoridades israelitas, que o despiram à força em Sde Teiman, o obrigaram a sentar-se sobre cascalho afiado durante horas e o espancaram brutalmente, segundo detalhes fornecidos pela Al Mezan.

Na prisão de Ofer, Safiya passou 25 dias em regime de isolamento e foi interrogado durante 10 dias seguidos, além de ter perdido muito peso, de acordo com a mesma fonte.

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