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Famílias das vítimas de ataque em Bondi pedem inquérito sobre antissemitismo na Austrália

Na carta divulgada, 17 famílias pedem ao primeiro-ministro australiano para "estabelecer imediatamente uma comissão" e a examinar as "falhas na aplicação da lei, nos serviços de inteligência e nas políticas públicas que levaram ao massacre".

As famílias das vítimas do ataque na praia de Bondi pediram hoje ao primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que estabeleça uma comissão federal para investigar o "rápido aumento do antissemitismo" na Austrália.

Multidão reunida em Bondi presta homenagem às vítimas de ataque antissemita
Multidão reunida em Bondi presta homenagem às vítimas de ataque antissemita AP Photo/Mark Baker

Em 14 de dezembro, Sajid Akram, 50 anos, um indiano que entrou na Austrália com um visto em 1998, e o filho Naveed Akram, nascido no país há 24 anos, abriram fogo sobre os participantes na festa judaica de Hanukkah na praia de Bondi, nos arredores de Sydney.

Na carta divulgada hoje, 17 famílias instaram Albanese a "estabelecer imediatamente uma comissão" e a examinar as "falhas na aplicação da lei, nos serviços de inteligência e nas políticas públicas que levaram ao massacre na praia de Bondi".

Na Austrália, as comissões federais são os órgãos de inquérito público de mais alto nível, com amplos poderes para investigar casos de corrupção, abuso sexual de crianças e proteção ambiental.

A comissão mais recente, segundo o portal do parlamento, foi realizada em 2022 e focou-se num escândalo generalizado que envolveu cobranças fraudulentas de dívidas.

Albanese ainda não respondeu a este pedido de uma investigação federal. Na semana passada, o primeiro-ministro disse que uma comissão regional, conduzida no estado de Nova Gales do Sul, onde ocorreu o ataque, seria suficiente.

"Vocês devem-nos respostas. Devem-nos responsabilidade. E devem a verdade aos australianos", exigiram as famílias, argumentando que o aumento do antissemitismo constitui uma "crise nacional" e uma "ameaça persistente".

Na segunda-feira passada, o governo de Nova Gales do Sul apresentou leis sobre armas, que considera as mais "rigorosas do país", e proibição de símbolos "terroristas".

Nova Gales do Sul, o estado australiano mais populoso, cuja capital é Sydney, apresentou o que qualificou como "as reformas mais rigorosas do país em matéria de armas de fogo".

A lei também proibirá a exibição de "símbolos terroristas", incluindo a bandeira do Estado Islâmico, que foi encontrada num carro ligado a um dos atiradores.

Também o Governo federal australiano anunciou intenção de levar por diante reformas relativas à detenção de armas de fogo e às leis sobre discurso de ódio, assim como uma revisão dos serviços policiais e de inteligência.

Depois de anunciar que pretende endurecer a legislação australiana contra o extremismo, Albanese anunciou na sexta-feira um programa de recompra de armas de fogo em circulação.

O primeiro-ministro afirmou que "não há razão para que uma pessoa que vive nos subúrbios de Sydney precise de tantas armas de fogo", numa referência às seis armas legalmente possuídas por Sajid Akram.

A iniciativa do Governo federal configura a maior recompra de armas desde 1996, quando a Austrália endureceu a regulamentação sobre armas de fogo na sequência de tiroteio que causou 35 mortes em Port Arthur.

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