Seymour falsificava emblemas para soldados, John era especialista em demolições e Bernard seguiu carreira em design industrial. Hoje são dos poucos sobreviventes, que em 1945 enganaram as tropas de Hitler, e agora receberam uma medalha de ouro.
São conhecidos como "Exército Fantasma" e foram os seus tanques insufláveis, os uniformes falsos e os efeitos especiais ao melhor estilo de Hollywood que permitiram enganar as forças alemãs durante a Segunda Guerra Mundial, salvando as vidas de dezenas de milhares de soldados americanos. Agora, passados 80 anos das suas missões secretas, e já com poucos sobreviventes, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decidiu atribuiu-lhes a mais alta condecoração do Congresso.
X
Ao todo foram três os veteranos deste exército que receberam em mãos, na quinta-feira passada, 21 de março, a medalha de ouro e o devido reconhecimento público. Seymour Nussenbaum, de 100 anos, e natural de Nova Jersey, foi um dos três soldados do "Exército Fantasma" e que foi homenageado no Capitólio.
"A nossa missão era enganar o inimigo, fazer uma grande encenação", recordou à Associated Press. O seu papel era fazer emblemas falsificados para a unidade. "Era como se fosse uma grande produção. Em alguns casos, houve pessoas que se fizeram passar por generais, vestiram um uniforme de general e andaram pelas ruas."
A Seymour juntou-se Bernard Bluestein, também centenário, que seguiu uma carreira em design industrial. O mais novo do grupo, John Christman, de 99 anos, que serviu como especialista em demolições. Existem ainda mais alguns membros vivos desta equipa secreta, mas as suas condições de saúde não permitiram que se deslocassem ao Congresso.
O "Exército Fantasma" contava com 1.100 soldados no 23º Quartel-General das Tropas Especiais, que operava na Europa Ocidental, e mais 200 soldados da 3133ª Companhia de Sinais Especiais, em Itália. Hoje, existem apenas sete sobreviventes do grupo que levou a cabo mais de 20 "missões de engano".
A "Operação Viersen"
REUTERS/Ministry of Defence/handout
Uma das missões que mostra a importância deste grupo foi batizada de "Operação Viersen". Estávamos em 1945 e esta missão conseguiu enganar os alemães, ao fazê-los acreditar que duas das divisões norte-americanas, com 40 mil homens, estariam preparadas para atravessar o rio Reno, numa posição a 16 quilómetros do verdadeiro ponto de passagem.
Para isso, a unidade montou centenas de camiões e tanques insufláveis, fez soar sons dos movimentos das tropas em altifalantes e simulou as comunicações de uma rádio militar. Além disso, alguns dos membros fizeram-se passar por comandantes militares, em zonas onde sabiam que os espiões alemães detetariam a sua presença.
"Acho que fomos bem sucedidos, porque os alemães dispararam contra nós", disse Bluestein ao jornal Washington Post. "Convencêmo-los de que éramos reais."
Este tipo de operações de fachada já haviam sido utilizadas pelos Aliados no Norte de África entre 1941 e 1942, em Itália em 1943 e imediatamente antes do Dia D, na Normandia, em 1944. Desde maio de 1944 e até ao final da Segunda Guerra Mundial, no ano seguinte, estima-se que o "Exército Fantasma" tenha salvado a vida de 15 a 30 mil soldados americanos.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.