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EUA: Secretário da Defesa opõe-se ao envio do exército para controlar manifestações

Donald Trump avançou com essa possibilidade, mas, nas últimas horas, a Casa Branca declarou que os governos estaduais devem ser capazes de restaurar a ordem, perante sinais de maior pacificação.

O secretário da Defesa norte-americano disse, esta quarta-feira, publicamente que se opõe ao envio do exército para travar as manifestações antirracistas que estão a ocorrer nos Estados Unidos após a morte de um homem negro às mãos da polícia.

"Não sou favorável a decretar o estado de insurreição", que permitiria ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviar soldados no ativo para enfrentar cidadãos norte-americanos, nem os reservistas da Guarda Nacional, declarou Mark Esper numa conferência de imprensa.

As manifestações pela morte de George Floyd estiveram mais calmas nas ruas dos EUA na última noite. Várias cidades, incluindo Minneapolis, onde o afro-americano foi morto, sob escolta policial, no passado dia 25 de maio, determinaram recolher obrigatório, que nem sempre foi cumprido, com a tolerância das forças policiais.

Também na capital, Washington, milhares de pessoas reuniram-se perto da Casa Branca, numa manifestação pacífica, mas acompanhada pelo olhar atento de polícias e agentes dos serviços secretos.

Quando um dos manifestantes arrancou um poste de iluminação urbana foi de imediato vaiado pelos restantes, que começaram a repetir a expressão "manifestação pacífica".

Em Nova Iorque, onde também foi decretado o recolher obrigatório, depois das 19h00, milhares de pessoas permaneceram nas ruas, contestando a decisão, com a complacência das autoridades policiais e sem sinais de violência.

Em algumas cidades, como Los Angeles, Miami e St. Paul, registaram-se episódios em que responsáveis policiais conversaram com os manifestantes, revelando-lhes compreensão com os motivos dos protestos que se dirigem contra as atuações violentas das autoridades contra as minorias afro-americanas e dizendo estar disponíveis para aceitar reformas nos protocolos de segurança nas ruas.

Ainda assim, continuam em situação de prontidão mais de 20 mil membros da Guarda Nacional, em 29 estados, para a eventualidade de regresso de mais cenas de violência nas ruas.

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.

Os quatro polícias envolvidos no incidente foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi detido, acusado de assassínio em terceiro grau e de homicídio involuntário.

A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.