Mais de um terço (34,28%) dos jovens e adolescentes da ilha de Santiago já teve ideias suicidas pelo menos uma vez na sua vida.
Um em cada três jovens e adolescentes da ilha cabo-verdiana de Santiago inquiridos para uma tese de mestrado afirmou já ter pensado em suicídio pelo menos uma vez, tendo como principais causas a depressão e a desesperança.
A conclusão é de uma tese de mestrado defendida na semana passada pela cabo-verdiana Janilsa Gonçalves, no Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida de Portugal.
No estudo, para obtenção do grau de mestre em Psicologia Clínica, a cabo-verdiana entrevistou 315 jovens e adolescentes em escolas da ilha de Santiago, com idades compreendidas entre os 14 e os 20 anos de idade.
E chegou a conclusão que mais de um terço (34,28%) dos entrevistados já teve ideias suicidas pelo menos uma vez na sua vida.
Perante a "média bastante elevada da ideação suicida", Janilsa Gonçalves disse ser "necessário e fundamental pensar na gravidade da problemática", visto ser sobretudo uma população não-clínica.
"É uma percentagem muito elevada e merece uma especial atenção e reflexão por todos os elementos da sociedade, uma vez que esses dados vieram confirmar aquilo que a literatura diz, que os casos de suicídio e/ou a sua ideação têm aumentado drasticamente em todo o mundo e Cabo Verde pelos vistos não é excepção (antes pelo contrário)", analisou a investigadora, em declarações à agência Lusa.
No histórico da ideação suicida, 65,4% dos inquiridos referiram nunca ter qualquer pensamento relacionado com acabar com a sua vida, enquanto 14,9% afirmou ter pensado uma única vez, 3,5% referiu já ter pensado duas vezes e 16,2% mais de que duas vezes.
No que diz respeito às tentativas de suicídio, 87,3% afirmaram não ter tentado nenhuma vez, 8,3% disse já ter tentado uma vez, 1,3% garantiu já terem tentado por duas vezes e 3,2% mencionou já ter tentado mais de que duas vezes acabar com a sua própria vida.
"Estes adolescentes e jovens podem estar expressando algo que vai muito além das características próprias dessa fase, ou seja, podem estar demonstrando sofrimento decorrente de um conflito interno, vislumbrando a possibilidade de morte como alternativa", sustentou.
A dissertação de mestrado, orientada por António Pazo Pires e que está em preparação para ser publicada, concluiu que a depressão é a principal causa para as ideias de suicídios dos jovens e adolescentes, a par da desesperança.
"No nosso estudo constatamos que a existência de sintomatologia depressiva está intimamente ligada ao aparecimento da ideação suicida, isto porque, sujeitos com depressão expressam desejo de morrer e de terminar com a sua vida como sendo algo inevitável para terminar com todo o seu sofrimento", completou.
Para enfrentar o problema, Janilsa Gonçalves considerou que é necessária uma "divulgação adequada" de informações e consciencialização da população em geral para que esta possa ter um conhecimento aprofundado sobre este fenómeno.
"Como se sabe, apesar do suicídio ser uma acção pessoal, provoca danos psicológicos, sociais e económicos para a comunidade em geral, maximizando dessa forma o papel activo de todos nós na prevenção desse problema de saúde pública", mostrou.
A psicóloga considerou também ser necessário o envolvimento da família e do Estado nas estratégias de protecção dos jovens e de prevenção.
"No âmbito da prevenção é imperativo levar em consideração as variações culturais, idade e género para que a prevenção surta o efeito mais almejado possível", prosseguiu a investigadora, entendendo ser necessário a existência de mais estudos sobre o fenómeno na camada juvenil.
"Com intuito de perceber e clarificar qual o verdadeiro papel tanto da depressão como da desesperança na predição da ideação suicida, e perceber também o porque desses aumentos de casos de suicídio na adolescência", referiu.
Para estudos futuros, entendeu ser pertinente a replicação desta investigação a nível nacional e com uma amostra mais alargada, bem como que haja uma abordagem que permita identificar outras variáveis também associadas à ideação suicida.
Estudo mostra tendências suicidas em jovens de ilha cabo-verdiana
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.
Há alturas na vida de uma pessoa em que não vale a pena esperar mais por algo que se desejou muito, mas nunca veio. Na vida dos povos é um pouco assim também. Chegou o momento de nós, europeus, percebermos que é preciso dizer "adeus" à América. A esta América de Trump, claro. Sim, continua a haver uma América boa, cosmopolita, que gosta da democracia liberal, que compreende a vantagem da ligação à UE. Sucede que não sabemos se essa América certa (e, essa sim, grande e forte) vai voltar. Esperem o pior. Porque é provável que o pior esteja a chegar.
A mudança do Chega sobre a reforma laboral, a reboque do impacto da greve, ilustra como a direita radical compete com as esquerdas pelo vasto eleitorado iliberal na economia.