Sábado – Pense por si

Centenas de iraquianos em protesto depois de assinalarem revolução de outubro

A ira dos jovens foi reprimida com sangue em 2019, com cerca de 600 manifestantes mortos, 30 mil feridos e centenas de detenções. Depois dos milhares de manifestantes terem deixado as cidades, a calma voltou e as autoridades decidiram reabrir o tráfego em várias praças e pontes, que estavam bloqueadas há um ano.

Centenas de iraquianos protestaram este domingo contra o governo, especialmente em Bagdad, onde as autoridades resolveram abrir o tráfego, no sábado, nos principais focos de contestação, e em Bassora, onde a polícia disparou para dispersar os manifestantes.

Em Bassora, no litoral sul do país, polícias e militares atiraram para o ar para dispersar meio milhar de manifestantes que lhes atiravam pedras, observaram correspondentes da AFP.

Em Kout, outra cidade no sul onde dois ativistas anti-poder foram assassinados nos últimos dias, dezenas de manifestantes também protestaram contra o poder e exigiram que os assassinos de quase 600 pessoas mortas durante a "revolução de outubro", lançada há um ano, sejam levados à justiça.

Em Al-Hilla, na província da Babilónia, a sul de Bagdad, centenas de estudantes marcharam empunhando cartazes a exigir justiça para os manifestantes mortos ou sequestrados há meses e dos quais nunca mais ouviram falar.

A "revolução de outubro" parecia ter tido a sua última manifestação há uma semana, quando assinalou o seu primeiro aniversário, em 25 de outubro.

Nesse dia, milhares de iraquianos manifestaram-se em Bagdad, desafiando um poder incapaz de reformar e fornecer serviços básicos, bem como a crescente influência das fações armadas iraquianas pró-Irão.

A mobilização abriu várias possibilidades num país onde a ira dos jovens foi reprimida com sangue em 2019, com cerca de 600 manifestantes mortos, 30 mil feridos e centenas de detenções.

Depois dos milhares de manifestantes terem deixado as cidades, a calma voltou e as autoridades decidiram reabrir o tráfego em várias praças e pontes, que estavam bloqueadas por um ano.

Mas o movimento está longe de estar morto e enterrado, avisou o estudante Abdallah Ahmed.

"Não estamos a comemorar a revolução, estamos a continuá-la", disse à AFP.

"Não vamos sair daqui. Pelo sangue dos nossos mártires e pelo amor ao nosso país. É a nossa revolução e devemos continuá-la porque nenhuma das nossas reivindicações foi satisfeita", acrescentou um outro estudante, Abrar Ahmed.

Em Nassiriya, reduto histórico das revoltas no Iraque, os manifestantes queimaram pneus numa das principais vias rodoviárias para exigir serviços e empregos num dos países mais ricos em petróleo do mundo, mas onde a pobreza afeta 40% dos habitantes.

Em Bagdad, algumas centenas de jovens reuniram-se na Praça Tahrir – onde estavam várias tendas e fotos dos mártires, mas que foram removidas no sábado pelas tropas do novo governo, para "facilita um retorno à vida normal".

Bons costumes

Um Nobel de espinhos

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Justa Causa

Gaza, o comboio e o vazio existencial

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