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Ataque norte-americano contra porto no Iémen faz 58 mortes

O porto de Ras Issa, juntamente com Hodeida e Salif, recebe cerca de 70% de todas as importações e 80% da ajuda humanitária que entra no Iémen, de acordo com a ONU, enquanto os EUA e outros países afirmam que é utilizado pelos Huthis para importar e exportar petróleo ilegalmente.

Os rebeldes Huthi no Iémen atualizaram para 58 o número de mortos nos ataques norte-americanos a um porto petrolífero, o mais mortífero desde a intensificação dos bombardeamentos dos EUA contra os rebeldes apoiados pelo Irão.

Iemen EUA
Iemen EUA AP Photo

"O número de mortos no ataque do inimigo norte-americano contra as instalações de Ras Issa subiu para 58, com 126 feridos", anunciou o canal de notícias rebelde Al-Massira, citando as autoridades locais em Hodeida.

O anterior balanço era de 38 mortos e 102 feridos.

O exército norte-americano anunciou na quinta-feira que os seus bombardeamentos resultaram na destruição do porto petrolífero de Ras Issa, controlado pelos rebeldes Huthi.

Imagens difundidas na madrugada de hoje pelo canal rebelde Al-Massira, apresentadas como as "primeiras imagens da agressão norte-americana" contra o porto petrolífero, mostravam uma bola de fogo a iluminar a zona onde se encontram os navios, enquanto espessas nuvens de fumo se elevavam sobre o que parece ser um incêndio, descreveu a AFP.

"As equipas de salvamento da defesa civil e os paramédicos estão a fazer tudo o que podem para procurar e retirar as vítimas e extinguir o fogo", afirmou o porta-voz do Ministério da Saúde Huthi, Anees Alasbahi.

Segundo o Comando norte-americano para o Médio Oriente, "o objetivo destes ataques era atingir as fontes económicas do poder Huthi".

"Os Estados Unidos tomaram (estas) medidas para eliminar esta fonte de hidrocarbonetos para os terroristas Huthi apoiados pelo Irão e privá-los das receitas ilegais que financiaram as ações dos Huthis para aterrorizar toda a região durante mais de uma década", acrescentou o comando em comunicado.

O porto de Ras Issa, juntamente com Hodeida e Salif, recebe cerca de 70% de todas as importações e 80% da ajuda humanitária que entra no Iémen, de acordo com a ONU, enquanto os EUA e outros países afirmam que é utilizado pelos Huthis para importar e exportar petróleo ilegalmente.

Em Teerão, o Ministério dos Negócios Estrangeiros condenou o que classificou como ataques "bárbaros" dos EUA no Iémen.

Em declarações à imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaïl Baqhaï, "condenou veementemente o bárbaro ataque aéreo dos EUA ao porto de Ras Issa, no Iémen", denunciando-o como "um exemplo de crime (...) e uma violação flagrante dos princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas".

Em Gaza, o movimento islamita palestiniano Hamas condenou igualmente os ataques norte-americanos, que considerou uma "agressão flagrante".

"Esta agressão flagrante é uma clara violação da soberania do Iémen, um crime de guerra comprovado, e confirma a continuação das políticas norte-americanas agressivas que visam os povos livres que rejeitam a hegemonia sionista e americana na região", reagiu o Hamas em comunicado.

Os Huthis começaram a atacar Israel e os navios ligados a este país ao largo das costas do Iémen após o início da guerra em Gaza, em 07 de outubro de 2023, alegando solidariedade com os palestinianos.

Estes ataques, que também visam navios militares norte-americanos, perturbaram o tráfego no mar Vermelho, uma zona marítima essencial para o comércio mundial.

Washington lançou uma campanha aérea contra os Huthis em 15 de março para acabar com as ameaças aos navios no mar Vermelho.

Desde então, os rebeldes lançaram ataques contra navios militares norte-americanos e contra Israel, alegando estar a agir em solidariedade com os palestinianos em Gaza.

Os ataques dos rebeldes tinham cessado com a trégua de 19 de janeiro entre Israel e o grupo armado palestiniano Hamas, mas foram retomados depois de Israel ter reiniciado a ofensiva em Gaza a 18 de março.

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