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As consequências do ataque ao campo petrolífero na Arábia Saudita

17 de setembro de 2019 às 07:00
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EUA saem vencedores. Consumidores, Arábia Saudita e Irão e são os principais prejudicados.

Desde 1991 que os preços do petróleo não aumentavam tanto como esta segunda-feira. O catalisador desta subida foi o ataque que ocorreu sábado a um campo petrolífero na Arábia Saudita, que provocou uma redução brutal na produção do maior exportador de petróleo do mundo. Entre a grande perdedora (a Arábia Saudita) e os EUA (de certa forma, beneficiários), estas são as consequências mais imediatas deste ataque.

O ataque, que foi reivindicado pelos rebeldes Huthis do Iémen, atingiu a maior instalação de processamento de petróleo do mundo e um grande campo de petróleo, provocando grandes incêndios numa zona vital para o fornecimento global de energia. Os Huthis, apoiados politicamente pelo Irão, grande rival regional da Arábia Saudita, reivindicam regularmente lançamentos de mísseis com 'drones' contra alvos sauditas e afirmam que agem como represália contra os ataques aéreos da coligação militar liderada pela Arábia Saudita, que intervém no Iémen em guerra desde 2015.

Este ataque pôs em causa a capacidade do reino da Arábia Saudita proteger as suas instalações petrolíferas, de que dependem os seus principais recursos, apesar de importantes investimentos na segurança. Mas não só a credibilidade da segurança saudita fica afetada. 

O projeto de entrada na bolsa da Aramco, a empresa pública proprietária do centro atingido, poderá cair uma vez que pode pesar na sua valorização. Porque se o risco que esta central apresenta é maior do que o esperado, "os investidores vão querer mais pelo dinheiro que poderão investir", explicou Neil Wilson, analista damarkets.com, citado pela Agence France Press.

Outro dos derrotados é o Irão. Afinal, para além das sanções económicas que os norte-americanos impõem à venda do petróleo iraniano ao estrangeiro, o país é agora acusado de estar na origem do ataque. Teerão negou ter qualquer responsabilidade no caso, mas o Presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou já com novas represálias.

Já entre os vencedores está um dos históricos aliados deste reino: os EUA saem vencedores deste ataque, mas com uma maior abertura ao risco. Os Estados Unidos deverão lucrar com o ataque contra o "gigante" saudita graças à sua própria produção petrolífera, dinamizada pela exploração maciça do gás de xisto, defendem os analistas da JBC Energy. "Os Estados Unidos vão continuar a produzir e os preços mais elevados só irão favorecer o crescimento da produção norte-americana", lembrou Neil Wilson.


Este ataque levou o presidente norte-americano, Donald Trump, a dar "luz verde" para que o país possa utilizar, se necessário, as suas reservas estratégicas de petróleo para "atenuar todos os choques no curto prazo". Mas há também riscos: a brusca subida dos preços poderá pesar ainda mais num crescimento já lento.

Esta vitória dos EUA pode significar também uma derrota para a China, já que se encontra envolvida num conflito comercial com os Estados Unidos, e deverá sofrer negativamente com o ataque, que poderá pesar na sua economia "muito gulosa de energia" e muito dependente dos preços do petróleo, lembra a AFP.

Resto do mundo

Em França, por exemplo, prevê-se um aumento na ordem dos 04 a 05 cêntimos por litro nos combustíveis, segundo disse à France Presse Francis Duseux, presidente da União Francesa das Indústrias Petrolíferas (UFIP).

Esse aumento antecipado do preço dos combustíveis poderá afetar a economia mundial ao cortar-se no orçamento dos consumidores.

O fornecimento de petróleo da Arábia Saudita, maior exportador mundial, sofreu temporariamente um corte para metade (cerca de 5,7 milhões de barris diários).

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