Sábado – Pense por si

Como Israel tenta apagar Gaza da memória futura

Alfredo Leite
Alfredo Leite 05 de agosto de 2025 às 23:00

A situação de emergência alimentar está a multiplicar os casos de fome e há organizações internacionais a alertar que o pior ainda pode estar para vir. Israelitas negam que faltem alimentos e acusam o Hamas de manipular as imagens que chegam do território, mas impedem a entrada de jornalistas.

Há 10 anos, a divulgação da foto de um menino sírio morto numa praia de Bodrum, junto às águas do mar Egeu, na Turquia, não emocionou apenas o mundo. A imagem do pequeno Alan Kurdi, captada pela fotógrafa Nilüfer Demir, da agência de notícias turca Dogan, desencadeou uma onda de solidariedade global e levou Governos, como o alemão da então chanceler Angela Merkel, a flexibilizar temporariamente a entrada nas suas fronteiras de refugiados oriundos de países em guerra. A foto de Demir transformou os migrantes, geralmente vistos como “ameaça”, em “vítimas” da sua própria circunstância. Na altura, ninguém ousou admitir tratar-se de uma foto encenada, como aconteceu agora com Mohamed al-Matouq, a criança faminta na Faixa de Gaza, mostrada na primeira página de inúmeros jornais, sites e televisões por todo o planeta. Qual é a diferença, então, da imagem captada por Nilüfer Demir da feita pelo fotógrafo palestiniano Ahmed Jihad Ibrahim al-Arini, por coincidência distribuída pela agência Anatólia, também turca? A resposta é Benjamin Netanyahu.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais
No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.

Visto de Bruxelas

Cinco para a meia-noite

Com a velocidade a que os acontecimentos se sucedem, a UE não pode continuar a adiar escolhas difíceis sobre o seu futuro. A hora dos pró-europeus é agora: ainda estão em maioria e 74% da população europeia acredita que a adesão dos seus países à UE os beneficiou.