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Português fundador de partido de Guaidó diz lutar por uma Venezuela melhor

17 de março de 2019 às 09:07

Comunidade deve manter "a esperança de que a Venezuela vai voltar a ser aquele país que conheceram quando cá chegaram", afirma dirigente político Luís Andrade.

Natural daMadeira, Luís Andrade vive emCaracasdesde há 37 anos, onde é comerciante e há mais de 20 anos está dedicado à política, agora ao lado da oposição aNicolás Maduro.

Há uma década, em conjunto com o político opositorLeopoldo López, fundou o partido Vontade Popular, o mesmo do autoproclamado presidente interino da Venezuela,Juan Guaidó, que considera "uma pessoa jovem e profissional".

"Conheço o Juan Guaidó desde que fundámos o partido. Ele tem mostrado muita segurança quando fala, devolveu a esperança e a motivação que os venezuelanos tinham perdido há muito tempo. Por onde passa voltamos a sentir que há uma pessoa que de alguma maneira também quer ajudar a mudar o país", disse à Agência Lusa.

No entanto insiste que no Vontade Popular "não há apenas um líder, há muitos, pessoas jovens" e sublinha que Juan Guaidó "em vez de abandonar o país, por achar que não há solução, está aí e conjuntamente com ele pessoas da mesma idade, que apostam que vamos conseguir uma melhor Venezuela para todos".

Em quanto a Lepoldo López (atualmente em prisão domiciliária), diz que "é um líder que, por onde passa, provoca muita emoção".

"Ele tem a convicção de que, em conjunto com a sua equipa, tem que ajudar a construir um país do primeiro mundo, que não dependa de uma economia do petróleo, da importação, porque a Venezuela tem como produzir muitas coisas, que as empresas não podem continuar a fechar", disse.

Por outro lado, explicou que desde criança, sempre se sentiu "atraído pelo ativismo político".

"Na Venezuela, comecei por fazer da política social, no partido Primeiro Justiça, onde conheci Leopoldo López e gostei muito do projeto que tinha para o país. Depois, com ele, fundei e faço parte do Vontade Popular", explicou.

Andrade, chegou a Caracas com apenas 11 anos, em 1982, com o pai, uma irmã e um irmão. "Em vez de ir estudar, como qualquer rapazinho dessa idade, fui fazer o que fazem todos os portugueses que vieram para cá, trabalhar".

"Não sabia falar espanhol, e tinha medo de como seria tratado na escola. Trabalhei em pequenos comércios, primeiro com o meu pai e o meu irmão e aos 28 anos decidi continuar com os estudos, que tinha começado na Escola de Artes e Ofícios da Madeira, os Salesianos, até que cheguei à Universidade Central da Venezuela onde estudei Ciência Política", explicou.

Insiste que é preciso mais portugueses e luso-descendentes ativos na política: "onde vamos viver, passamos a fazer parte dessa população" e é necessário que as pessoas não deixem a gestão da sociedade apenas nas mãos dos políticos.

"Há muitas coisas para mudar no país. Comecei nas associações de vizinhos, de comerciantes, e organizar as pessoas sobre situações locais que há que mudar, mas para isso é preciso participar. Nada mudará se não fizermos parte dessa mudança, como cidadãos que somos", explica.

No entanto, é da opinião que "não é fácil fazer política na Venezuela mas se existirem valores e princípios de luta e coragem a democracia é o melhor sistema, onde todos se podem integrar e há liberdade de dizer o que se pensa".

"No Vontade Popular vemos a Venezuela como um país que procura um desenvolvimento sustentável, moderno. Muitos não acreditam que isso vai acontecer, mas continuamos lutando. Vamos ver um país de progresso em que muitos portugueses e venezuelanos que emigraram vão regressar", insiste.

Sobre Portugal, as memórias são distantes, até porque nunca regressou à sua terra.

A Portugal pede que preste mais atenção aos emigrados, que ajude mais a comunidade, "é muito lamentável ver tantas pessoas idosas que não têm nem para comprar os medicamentos de que necessitam".

"Dentro da Embaixada e do Consulado devem dar melhor atenção aos portugueses. Estive há pouco na porta de um hospital e vi uma portuguesa idosa, acompanhada por uma sobrinha, gritava pedindo que a atendessem e isso não pode acontecer", frisou.

Quanto à comunidade, o dirigente político apela a que "mantenha a esperança de que a Venezuela vai voltar a ser aquele país que conheceram quando cá chegaram".

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