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Médio Oriente: ONU considera que conferência em junho será "crucial" para criação de Estado palestiniano

Lusa 28 de maio de 2025 às 17:55

Em causa está a Conferência Internacional para a Solução dos Dois Estados no Médio Oriente (Israel e Palestina), a decorrer entre 17 e 20 de junho na sede da ONU, em Nova Iorque, que será copresidida pela França e pela Arábia Saudita e na qual o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, participará. 

A Conferência Internacional para a Solução dos Dois Estados no Médio Oriente, agendada para junho, será "crucial" para o pleno estabelecimento do Estado palestiniano, defendeu esta quarta-feira a ONU, apelando para que não seja apenas "mais um exercício retórico".  

Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas focada na questão palestiniana, a coordenadora especial para o Processo de Paz no Médio Oriente, Sigrid Kaag, traçou um cenário sombrio da situação em Gaza e pediu à comunidade internacional que passe de declarações a decisões, especialmente durante a conferência. 

Em causa está a Conferência Internacional para a Solução dos Dois Estados no Médio Oriente (Israel e Palestina), a decorrer entre 17 e 20 de junho na sede da ONU, em Nova Iorque, que será copresidida pela França e pela Arábia Saudita e na qual o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, participará.  

O futuro do movimento extremista Hamas em Gaza e o reconhecimento do Estado palestiniano serão os principais eixos da conferência. 

De acordo com Sigrid Kaag, a conferência representa "uma oportunidade crucial" e não deve ser apenas "mais um exercício retórico".

"Deve abrir um caminho concreto para o fim da ocupação e a concretização da solução de dois Estados (...). Um caminho que unifique a Cisjordânia e Gaza e que resulte num Estado palestiniano em paz e segurança ao lado de Israel, com Jerusalém como capital de ambos os Estados. Precisamos de passar de declarações a decisões. Precisamos de implementar, em vez de adotar novos textos", instou. 

Kaag advogou que a segurança duradoura "não pode ser alcançada apenas pela força", mas sim construída com base no reconhecimento mútuo, na justiça e nos direitos de todos. 

"A condição de Estado é um direito, não uma recompensa. Não sejamos recordados como a geração que deixou desaparecer a solução dos dois Estados. Sejamos a geração que escolheu a coragem em vez da cautela, a justiça em vez da inércia e a paz em vez da política. Sejamos a geração que fez isto acontecer", apelou ainda. 

França, por exemplo, deu a entender nas últimas semanas que considera tomar a iniciativa de reconhecer o Estado palestiniano — atualmente reconhecido por 140 dos 193 países do mundo com assento na ONU — e acredita-se que a conferência possa ser o lugar onde esse passo será formalizado.

Se confirmado, teria grande valor simbólico, já que a França, assim como as demais potências do G7 - grupo dos sete países mais industrializados do mundo -, ainda resiste a reconhecer o Estado palestiniano e não seguiu o caminho trilhado há um ano por Espanha, Irlanda ou Noruega entre os europeus. Portugal também continua sem reconhecer o Estado palestiniano.

Na sua declaração de hoje perante o Conselho de Segurança, a coordenadora da ONU lamentou que a já difícil vida dos civis em Gaza se tenha afundado ainda mais "no abismo" ao longo dos últimos meses, frisando: "Isso é obra humana". 

Desde o colapso do cessar-fogo em março, os civis do enclave palestiniano têm sido constantemente atacados, confinados em espaços cada vez mais pequenos e privados de assistência vital, com Sigrid Kaag a instar Israel a interromper os "seus ataques devastadores" contra civis e infraestruturas. 

"Os civis em Gaza perderam a esperança. Em vez de dizerem 'adeus, até amanhã', os palestinianos em Gaza dizem agora 'vemo-nos no céu'. A morte é a sua companheira. Não é vida, não é esperança. O povo de Gaza merece mais do que a sobrevivência. Merecem uma vida e um futuro viáveis", afirmou. 

Sigrid Kaag também expressou preocupação com a "trajetória perigosa" na Cisjordânia ocupada, descrevendo "uma aceleração da anexação de facto" através da expansão dos colonatos, das apropriações de terras e da violência dos colonos. 

Se essa situação não mudar, a solução dos dois Estados "será fisicamente impossível", alertou. 

A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.  

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 54 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente. 

A ofensiva israelita também destruiu grande parte das infraestruturas do território governado pelo Hamas desde 2007. 

AP Photo/Jehad Alshrafi
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