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Investigação às mensagens entre von der Leyen e Pfizer passou para a procuradoria europeia

Ana Bela Ferreira 01 de abril de 2024 às 15:05

Em causa está o acordo feito em 2021 entre a Comissão Europeia e a Pfizer para a entrega de doses de vacinas contra a covid-19. Caso de suspostas interferências estava a ser investigado pelos tribunais belgas e passa para a jurisdição europeia.

A Procuradoria Europeia está a investigar as alegações de que a negociação entre a presidente da Comissão Europeia e a Pfizer para a compra de vacinas contra a covid-19 não obedeceu às regras. Os investigadores europeus ficaram com o caso que corria na Bélgica, segundo avança o jornal Politico, citando o porta-voz da procuradoria de Liège.

John Thys /Pool via REUTERS

O caso judicial investiga Ursula von der Leyen por possível "interferência em funções públicas, destruição de mensagens, corrupção e conflito de interesses". Apesar da investigação ser sobre possíveis crimes, o caso ainda não tem arguidos.

A investigação judicial começou em 2023 depois de uma queixa apresentada por Frédéric Baldan, um lobista belga com ligações a grupos anti-vacinas e especializado nas relações comerciais Europa-China. Mais tarde, os governos húngaro e polaco também se juntaram ao processo, embora a Polónia deva desistir da queixa, uma vez que o cargo de primeiro-ministro passou a ser ocupado pelo pró-europeísta Donald Tusk.

A queixa original centra-se naalegada troca de mensagensentre a presidente da Comissão Europeia e o CEO da Pfizer, Albert Bourla, das quais terá resultado o acordo da compra de vacinas contra a covid-19 e que acabou por ser o maior do género feito pela União Europeia (UE) - representará 20 mil milhões de euros. O caso, divulgado peloThe New York Times, em 2021 ficou conhecido por "Pfizergate".

Depois de revelar o caso, o jornal norte-americano processou a Comissão Europeia para obrigar o organismo a revelar o teor das mensagens trocadas entre os dois responsáveis, que se acredita terem sido fundamentais para selar o acordo e onde podem ter sido estabelecidas contra-partidas. A Comissão tem recusado revelar o teor das mensagens e até confirmar que ainda as tem disponíveis.

O negócio foi visto na época como um sucesso para o combate europeu à pandemia, numa altura em que o bloco se confrontava com acesso limitado a doses de vacinas. Mas depois do pico da pandemia, o número de doses que estavam incluídas no acordo para os anos seguintes tem levantado dúvidas, havendo pelo menos 4 milhões de euros em doses que se desperdiçaram.

Questionada sobre este processo, Ursula von der Leyen, que procura a reeleição no cargo, respondeu aoPoliticoque "tudo o que era necessário sobre isso [as mensagens de texto desaparecidas] foi dito e enviado. E vamos esperar pelos resultados".

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