Inas protagonizou a fotografia que deu a volta ao mundo. Um ano depois, não quer fugir mais
A sobrinha de Inas Abu Maamar tinha cinco anos quando morreu no dia a seguir ao 7 de Outubro.
É Inas Abu Maamar quem segura o corpo da sobrinha, embrulhado num lençol, numa fotografia captada dias depois do início da ofensiva militar de Israel em Gaza que se seguiu ao 7 de Outubro. A imagem captada pelo fotógrafo Mohammed Salem venceu o prémio World Press Photo e um prémio Pulitzer e, um ano depois, Inas Abu Maamar relata a sua vida à agência Reuters, depois de voltar a casa.
A sobrinha de Inas, Saly, tinha cinco anos. Também a mãe, a irmã bebé, o tio, os avós, a tia e três primos de Saly morreram no mesmo ataque, que se deu no dia 8 de outubro. Desde então, Inas Abu Maamar, de 37 anos, já perdeu outra irmã e mais quatro sobrinhos num ataque no norte de Gaza.
Inas Abu Maamar já se mudou três vezes para evitar os bombardeamentos, conta à agência Reuters. Passou quatro meses a viver numa tenda e hoje, está em Khan Younis, em sua casa. "Perdemos a fé em tudo", conta junto à sepultura de Saly, que está debaixo de entulho causado pelos ataques. "Nem a sepultura é segura."
Antes dos ataques após o 7 de Outubro, Inas vivia com o marido perto da casa do seu irmão, Ramez, o que lhe permitia passar muito tempo com as sobrinhas Saly e Seba e com o sobrinho Ahmed. Quando os bombardeamentos se intensificaram, Ramez procurou refúgio em casa dos sogros, mas esta foi atingida. Depois de saber, Inas foi ao hospital de Khan Younis, onde encontrou o sobrinho Ahmed, então com quatro anos, sozinho. Descobriu Saly morta na morgue. "Tentei acordá-la. Eu não acreditava que ela tinha morrido."
Um ano depois, Inas Abu Maamar diz que não quer voltar a mudar-se. "Estamos só à espera que o derramamento de sangue pare."
Edições do Dia
Boas leituras!