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Espanha. Correios intercetam carta com ameaças e balas dirigida a Zapatero

Diogo Camilo 28 de abril de 2021 às 16:45

Ex-primeiro ministro espanhol é a sexta figura da política espanhola a receber ameaças na última semana, após tensões entre esquerda e direita que subiram de tom com as eleições regionais em Madrid.

Os correios espanhóis intercetaram esta quarta-feira uma carta com ameaças dirigida ao antigo primeiro-ministro de Espanha José Luis Zapatero. Esta é a sexta carta com ameaças, contendo balas ou navalhas no interior, endereçadas a figuras da esquerda espanhola, depois de na semana passada terem sido enviados envelopes a Reyes Maroto e Fernando Grande-Marlaska, ministros de Pedro Sánchez e ambos PSOE, a diretora-geral da Guarda Civil, María Gámez, e Pablo Iglesias, vice-presidente do governo espanhol e secretário-geral do Podemos, além de outra carta enviada à presidente da região de Madrid e candidata do PP, Isabel Diaz Ayuso.

José Luis Zapatero GettyImages

A carta em questão foi retida na unidade central de processamento dos correios, em Madrid, onde também tinha sido identificada a carta dirigida a María Gámez, na terça-feira passada, refere oEl País.

As autoridades suspeitam de autores diferentes das ameaças feitas a Gámez, Iglesias e Grande-Marlaska, da que foi feita a Reyes Maroto, e também da que foi feita a Isabel Diaz Ayuso. Enquanto que as cartas com ameaças e balas recebidas na quarta e quinta-feira por Grande-Marlaska, Maria Gámez e Pablo Iglesias foram deixadas num marco dos correias a 19 de abril, o envelope para Reyes Maroto com uma navalha aparentemente ensaguentada foi expedido por correio na quarta-feira, dia 21 de abril - antes ainda dos envelopes com balas serem recebidos.

Diferente é também o nome do destinatário: na ameaça a Reyes Maroto este é manuscrito, enquanto o autor das cartas a Grande-Marlaska, Gámez e Iglesias dificultou a sua identificação. O envelope para Reyes Maroto foi enviado a partir de um balcão dos correios de El Escorial, nos arredores de Madrid, às 13h24 de quarta-feira, com um custo de 2,50 euros como "correio normal".



Quanto à carta enviada à sede do PP e intercetada antes de chegar a Isabel Diaz Ayuso, que surge na frente das sondagens para as eleições regionais de Madrid, também continha duas balas como outras, mas o autor apresentou uma caligrafia diferente das ameaças a membros do governo espanhol.

A polícia está "a investigar estes acontecimentos" que têm sido "veementemente condenados" pelo Governo e por todos os partidos espanhóis. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fez esta quarta-feira um apelo para que se ponha fim à "espiral de ódio" que, segundo ele, "ataca diretamente" os valores democráticos, depois de ter sido detetada a carta com duas balas enviada a José Luis Rodríguez Zapatero, que foi chefe do executivo espanhol de 2004 a 2011.

Na rede social Twitter, Sánchez, que assim como Zapatero, pertence ao PSOE (Partido Socialista), manifestou a sua "veemente condenação" e observou que estas balas "são dirigidas contra a coexistência, contra a democracia".

As ameaças surgem num clima de tensão entre esquerda e direita no país que tem subido e tom nas últimas semanas devido às eleições regionais em Madrid, onde a conservadora Isabel Diaz Ayuso, do PP, concorre com a frase "Comunismo ou Liberdade".

Na sexta-feira, e após receber uma carta com ameaças e balas, Pablo Iglesias abandonou um debate entre candidatos após Rocío Monasterio, adversária de extrema-direita do Vox, se ter recusado a condenar as ameaças recebidas pelo líder do Podemos, colocando em dúvida a veracidade das mesmas, apesar de condenar "todo o tipo de violência".

O líder da extrema-esquerda apontou que, se Monasterio não voltasse atrás nas suas palavras e se não condenasse as ameaças, sairia do estúdio. A candidata do Vox convidou-o a sair e disse que "ninguém em Espanha acredita neste senhor".

Antes de sair, Iglesias avisou a moderadora que estava "a cometer um erro" ao permitir que "esta gente" pudesse estar no debate "a defender coisas que vão contra a democracia". Após um intervalo, além de Iglesias, também o candidato socialista do PSOE, Ángel Gabilondo, e a progressista Mónica García Gómez, do Más Madrid, deixaram o debate.

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