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A corrida aos Óscares: os nomeados, as histórias e as controvérsias

A dias da grande cerimónia de Hollywood, fique com tudo o que sabemos sobre os principais nomeados.

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A corrida aos Óscares: os nomeados, as histórias e as controvérsias
Pedro Henrique Miranda 26 de fevereiro de 2025 às 07:00
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Depois de sucessivos adiamentos causados pelos incêndios que assolaram a Califórnia em janeiro, o anúncio das nomeações para os Óscares 2025 voltaram a colocar na ribalta alguns dos melhores e mais importantes filmes lançados no último ano.

Cerimónias semelhantes, como os BAFTA e os Globos de Ouro, já nos deram algumas luzes sobre os candidatos mais cotados, mas os eleitos da Academia, que continua a distribuir os mais cobiçados prémios da indústria cinematográfica, só serão conhecidos na madrugada de domingo (2/3) para segunda. Para já, fique com tudo o que sabemos sobre os nomeados e potenciais vencedores, a começar pelos candidatos a Melhor Filme.

Na continuação de um rumo de aproximação do grande público - que chegou a contemplar projetos de introdução de um novo Óscar para Melhor Filme Popular, entretanto abandonados -, a Academia reconheceu grandes produções bem recebidas junto das audiências. É o caso de Duna: Parte Dois, segundo filme da trilogia de Denis Villeneuve que adapta para o cinema a saga de ficção científica de Frank Herbert, nomeado para cinco Óscares.

É apenas um dos filmes nomeados protagonizados por Timothée Chalamet, sendo o outro Um Completo Desconhecido, a exploração da atribulada vida pessoal e do período mais célebre da carreira de Bob Dylan. Com Chalamet a interpretar ele próprio as canções na pele de Dylan, é candidato a oito estatuetas, incluindo Melhor Filme, Ator e Atriz Principais, Ator Secundário e Argumento Adaptado. 

De inclinações mais autorais, é também grandiosa a escala de O Brutalista, revelação no grande palco do cinema do jovem realizador Brady Corbet, de 36 anos, que, através da história de um arquiteto húngaro judeu sobrevivente do Holocausto, explora a relação entre a experiência migrante e o sonho americano, mediante aclamação da crítica e impressionantes 10 nomeações na cerimónia, incluindo Melhor Filme, Ator Principal, Ator e Atriz Secundários e Argumento Original.

Dois musicais foram alvo de reconhecimento nas nomeações deste ano: Wicked, o fenómeno da cultura pop que subverteu expectativas, angariando 10 indicações nestes Óscares, e Emilia Pérez, filme experimental do francês Jacques Audiard que, com 13, lidera as nomeações, mas cuja controvérsia parece ter reduzido as suas chances de sair vencedor. Depois de se tornar na primeira atriz trans a ser galardoada em Cannes, a espanhola Karla Sofía Gascón foi afastada da campanha pela produtora do filme, a Netflix, por antigos tweets discriminatórios contra minorias étnicas.

Outros comentários colocaram-na em confronto direto com Fernanda Torres, a grande sensação deste ano no mundo lusófono pelo seu papel como uma dona de casa tornada advogada e ativista política em Ainda Estou Aqui, drama de Walter Salles que recupera memórias traumáticas da ditadura militar brasileira - dividindo o Brasil entre os que a apoiam fervorosamente e os que defendem o boicote ao filme - e foi nomeado a Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz para Torres. 

Outro filme que dividiu audiências, desta feita ao longo de linhas religiosas, foi Conclave, de Edward Berger, thriller decorrido no Vaticano que extrai da morte do papa um pretexto para discutir o rumo da fé católica perante debates ideológicos conturbados: defensores da Igreja criticaram-no pelo seu anti-clericalismo, mas o mundo laico admirou-o o suficiente para sagrá-lo um dos mais fortes candidatos a Melhor Filme e Melhor Ator (para Ralph Fiennes) nos Óscares, na sequência dos prémios que o antecederam.

Também apontado como um dos mais fortes candidatos a Melhor Filme é Anora, comédia-drama de Sean Baker que venceu a prestigiada Palma de Ouro em Cannes e tem rendido prémios a Mikey Madison, sua protagonista, também nomeada a Melhor Atriz. O conto de uma trabalhadora do sexo apanhada numa teia de luxúria, poder e influência é uma das mais contemporâneas desta edição da cerimónia.

Igualmente contemporâneo é A Substância, chocante mescla entre o horror e a comédia da francesa Coralie Fargeat que disseca a dependência de substâncias e as pressões sobre a feminilidade num panorama de poder patriarcal - um filme de emoções fortes, que tem feito da sua protagonista, Demi Moore, favorita na corrida ao Óscar de Melhor Atriz.

Não são apenas os nomeados a Melhor Filme os dignos de atenção nesta 97ª cerimónia da Academia: debaixo da categoria principal, escondem-se grandes pérolas que pudemos acompanhar ao longo do ano. É o caso de Sing Sing, drama de Greg Kwedar sobre um grupo de reclusos que encena peças de teatro na prisão - interpretado por verdadeiros ex-presidiários e que valeu ao seu protagonista, Colman Domingo, a sua segunda nomeação consecutiva para Melhor Ator, além de angariar reconhecimentos por Argumento Adaptado e Canção Original.

Vencedor em praticamente todas as cerimónias que antecedem os Óscares, Kieran Culkin é o favoritíssimo a levar a estatueta de Melhor Ator Secundário pelo seu papel em A Verdadeira Dor, escrito e realizado pelo também ator Jesse Eisenberg, que está nomeado para Argumento Original pela sua história de dois primos distantes que se reencontram para uma digressão temática sobre o seu legado judeu, reacendendo antigos conflitos familiares.

Também nomeado para Melhor Argumento Original está O Atentado de 5 de Setembro, thriller histórico alemão que acompanha o ataque de uma organização palestiniana à comitiva israelita durante os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique. As tensões israelo-palestinianas estão igualmente em confronto em No Other Land, nomeado a Melhor Documentário, sobre a expulsão do povo Palestiniano das suas terras.

A categoria de Melhor Filme de Animação também teve um grande ano: além do retorno de Wallace & Gromit em Vengeance Most Fowl e da ascensão de Flow, da Letónia, como favorito (também nomeado a Melhor Filme Internacional), entre os principais concorrentes deste ano estão ainda Robot Selvagem, da DreamWorks, sobre a relação entre um robô e um ganso bebé, e Divertida-mente 2, o estrondoso sucesso de bilheteira sobre as emoções personificadas de uma adolescente em construção.

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