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Von der Leyen quer ser reeleita. Irá conseguir?

Leonor Riso, em Estrasburgo
Leonor Riso, em Estrasburgo 17 de julho de 2024 às 18:06
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Em Estrasburgo, nova vitória da presidente da Comissão Europeia não é dada como certa e pensa-se em matemática. Mas os eurodeputados portugueses seus aliados dizem que tem boas hipóteses.

Ursula von der Leyen tenta amanhã, quinta-feira, a reeleição para a presidência da Comissão Europeia. Irá conseguir? A pergunta está no ar no Parlamento Europeu em Estrasburgo. Se Roberta Metsolafoi eleita com uma maioria sem precedentes na primeira sessão plenária pós-eleições, o mesmo não se espera na votação da candidata do Partido Popular Europeu (PPE) que nas últimas semanas reuniu com os grupos parlamentares e deputados em esforços para assegurar a reeleição. Contudo, eurodeputados portugueses dos partidos seus aliados - Socialistas & Democratas (S&D) e Liberais (Renew) - consideram que há margem para ser eleita.

LUSA/TIAGO PETINGA

Ursula von der Leyen precisa que metade dos eurodeputados vote a favor: e essa maioria só será definida na manhã de quinta-feira, 18. Existe a questão de Toni Comín, que aguarda uma decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre o seu estatuto de eurodeputado e que ainda não tomou posse. De momento, só existem 719 empossados e não 720. Se mais ninguém faltar, a maioria será 360 votos e não 361: mas outras pessoas podem não ir, o que leva a recalcular os votos necessários.

O revés de última hora de Von der Leyen - a decisão do Tribunal Geral da União Europeia (TJUE) que apontou erros à Comissão Europeia no acesso à informação sobre as vacinas covid-19 - não assustou Francisco Assis. "Alguns tentarão aproveitar isso, mas não vai ensombrar a eleição", diz à SÁBADO o eurodeputado do PS (S&D). "E risco há sempre, porque estamos perante uma eleição. Espero que ela seja nomeada, porque era importante no momento que estamos a viver no interior do quadro europeu: há movimentos muito críticos do projeto, o quadro internacional é marcado por uma grande instabilidade, e era bom nós projetarmos uma imagem forte no mundo de capacidade de decisão e resolução."

António Costa, presidente do Conselho Europeu, passou terça-feira em Estrasburgo para felicitar Metsola, mas também para em reunião instar os "seus" socialistas à escolha de Ursula von der Leyen. "Foi uma reunião curta mas interessante, correu bem", frisa Francisco Assis. "Dentro dos socialistas há uma vontade clara para contribuir para que esse consenso se exprima na eleição."

Cotrim vota a favor após reunião com Von der Leyen

Depois de reunir com os socialistas, António Costa esteve com Ursula von der Leyen, que no mesmo dia teve ainda tempo para se encontrar com Cotrim de Figueiredo durante quase uma hora no seu gabinete. Terá o seu voto a favor, confirma o eurodeputado à SÁBADO, mesmo que há dias tenha indicado que ia votar contra. Apesar da "subalternização absolutamente inaceitável das posições do Renew" e da "aproximação da candidata ao ECR [Reformistas e Conservadores Europeus]", já existe um acordo "sobre representação e matérias políticas" da presidência da Comissão.

O eurodeputado acredita que o projeto europeu já não conta com o poder interventivo de outrora da Alemanha e da França, mas que isso deve ser visto como uma "oportunidade" para a Comissão, Parlamento e Conselho Europeus ocuparem esse "vácuo de liderança política": "Foi o que tentei transmitir", revela. Ao mesmo tempo, apelou ao reavivar da "esperança e prosperidade" da União Europeia: "Vamos retomar esse espírito com convicção com o crescimento como primeiro objetivo, para termos mais recursos para fazer frente à despesa com defesa e transição digital", por exemplo, " e com a reafirmação do orgulho nos valores europeus".

Quanto ao próprio PPE, o eurodeputado do PSD Sebastião Bugalho considerou à agência Lusa que Ursula von der Leyen vai vencer porque o "bom resultado" de Metsola "prova que é possível que as famílias europeias, mesmo quando divergem, conseguem encontrar consensos quando é necessário".

E se Von der Leyen não for eleita?

Contudo, em 2019 Ursula von der Leyen foi eleita com uma margem de nove votos, e a eleição pode ser apertada. Grupos parlamentares como os Verdes ou o ECR, e até os Patriotas pela Europa, podem assumir um papel preponderante na escolha. O Bloco de Esquerda, o PCP e o Chega vão votar contra a alemã, segundo a agência Lusa, e o CDS votará a favor. 

Se Von der Leyen não for eleita, caberá ao Conselho Europeu desbloquear a situação: tem um mês para apresentar um novo candidato e o processo repete-se. Falará com todos os grupos parlamentares e, quando estiver pronto, repete-se a votação em setembro.

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