Nova funcionalidade arranca para a semana. Surge pouco mais de meio ano depois de o IMT ter proibido a Pinker, plataforma TVDE exclusiva para mulheres, de operar por ser discriminatória.
AUber vai lançar um serviço que oferecea possibilidade às utilizadoras de viajarem apenas com motoristas mulheres e às condutoras a de transportarem exclusivamente passageiras do sexo feminino. Denominado "Women Drivers" começa a funcionar na próxima semana em Lisboa.
A nova funcionalidade, apresentada esta quarta-feira aos jornalistas, "responde a um desejo claro de muitas motoristas e utilizadoras e representa também uma oportunidade para que mais mulheres se sintam motivadas a conduzir com a Uber", segundo o general manager da Uber em Portugal, Francisco Vilaça.
"Ao permitir que escolham quem as transporta ou quem transportam, estamos a tornar o setor mais inclusivo, representativo da população e atrativo para mulheres", considera.
A nova opção vai estar acessível todos os dias da semana, através da app, sem qualquer custo adicional, sendo "100% flexível", tanto para motoristas como para passageiras, na medida em que pode ser ativada e desativada a qualquer momento. A Uber ressalva, no entanto, que durante a fase-piloto, a decorrer em Lisboa, a disponibilidade do serviço pode variar consoante o número de motoristas abertas para o efeito.
À luz do plano, o "Women Drivers" vai ser alargado posteriormente a outras cidades. O cronograma "dependerá da procura", mas Francisco Vilaça espera apresentar "bastantes novidades" nos "próximos seis meses". "A ‘timeline’ pode ser variável, mas queremos que seja o mais rápido possível". E a expansão seguirá a rota da dimensão do mercado, indo depois de Lisboa para Porto, Coimbra ou Braga.
Além de apontar que o novo serviço "traz mais opção de escolha às mulheres", a Uber argumenta também que vem "responder a um desafio estrutural do setor da mobilidade", dado que "apenas 9% dos motoristas de TVDE em Portugal são mulheres". "Ao criar condições que proporcionem maior liberdade de escolha, a Uber acredita que esta funcionalidade poderá contribuir para atrair mais mulheres para a atividade, tornando a condução numa opção profissional mais apelativa, flexível e ajustada às diferentes necessidades e preferências de cada mulher", enfatiza.
"É mais uma opção de escolha", diz o mesmo responsável, fazendo o paralelismo com outras modalidades que existem no catálogo da Uber, como a que permite a um utilizador pedir um veículo de gama mais alta ou para ser transportado como sénior ou adolescente.
O lançamento em Portugal surge após a implementação em mercados europeus como França, Alemanha e Polónia, mas também na África do Sul, Argentina e Austrália, "reforçando a aposta global da Uber em criar liberdade de escolha, dando resposta a necessidades concretas e diferenciadas dos seus utilizadores", realça a empresa, com sede na Califórnia, que chegou a Portugal em 2014.
A Pinker assumia como elemento diferenciador perante as concorrentes em Portugal (Uber e a Bolt) a condição de apenas aceitar motoristas do sexo feminino e de ser para uso exclusivo de mulheres. E o problema estará precisamente na distância que separa um serviço exclusivo de um opcional.
A Pinker deixou de estar sob os holofotes mediáticos, após a decisão do IMT, mas não desapareceu do radar, tendo, aliás, renascido com uma "alternativa", denominada de Floow, após ter sido "desafiada a ajustar a a abordagem".
"Desde que a Pinker foi suspensa pelo IMT em novembro de 2024, temos vindo a estudar várias alternativas para resolver esta situação. Considerámos lançar a aplicação noutros países ou aguardar pela decisão judicial dos inúmeros recursos que iniciámos. No entanto, o tempo passa e os problemas de segurança estão a tornar-se cada vez mais graves, sem que consigamos vislumbrar uma solução a curto prazo", lê-se num comunicado datado de 1 de março.
Assim, "a nossa decisão foi lançar uma versão alternativa da Pinker, que cumpre as exigências do IMT, enquanto, paralelamente, lutamos nos tribunais para que a nossa aplicação seja lançada no seu formato original", esclarece na mesma nota.
"Não julgamos quem acredita que nos rendemos às imposições do IMT e que nos tornámos apenas 'mais uma empresa no mercado'. Contudo, sem estarmos a operar, não conseguiremos fazer a diferença. A solução que encontrámos foi lançar uma nova aplicação, com um foco na segurança nunca antes visto em Portugal", conclui.
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"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".