A representante da Comissão Europeia em Portugal, Sofia Moreira de Sousa, acredita que o plano apresentado ontem pode ser a chave para um problema que está a "impedir que a Europa se torne competitiva".
"O problema foi identificado, está a ser tratado". É assim que Sofia Moreira de Sousa, representante da Comissão Europeia em Portugal, resume a abordagem de Bruxelas às dificuldades na habitação, sentidas - ainda que em diferentes escalas - em todo o bloco. A Comissão Europeia apresentou na terça-feira o seu plano para a habitação acessível, dizendo que quer travar a especulação imobiliária, e a representante em Portugal está confiante que os efeitos vão acabar por cá chegar.
Questionada sobre se os portugueses podem ter a expectativa de ver as suas dificuldades de acesso à habitação aliviadas com este plano, responde sem hesitar: "Sem dúvida". "Ontem tivemos muito boas notícias. É um primeiro passo e é a primeira vez que temos uma estratégia europeia numa área que, lembro, é de competência nacional", disse, em entrevista ao programa do Negócios no canal Now. No entanto, Sofia Moreira de Sousa alerta que nada se faz de um dia para o outro - "o plano foi apresentado ontem, a solução não está encontrada hoje", ressalva.
O plano de Bruxelas, explica, cria uma moldura para que os Estados-membros possam dar resposta ao desafio habitacional, definindo traves-mestras. "É necessário tomar uma série de medidas. Uma medida importante é olhar para o mecanismo das ajudas de Estado, facilitar e permitir que haja uma maior flexibilidade. É preciso olhar e fomentar uma construção rápida mas sustentável, com eficiência energética, que ofereça habitação de qualidade a custos que sejam controlados. É necessário olhar as formas de financiamento, trazer o setor privado, fazer parcerias, não só aqui com o Banco Europeu de Investimento, mas com os bancos de fomento nacionais, com as entidades nacionais, para facultar o investimento necessário para que esta habitação possa ser construída", exemplifica.
A Comissão estima que, para equilibrar o mercado, a Europa tenha de construir 650 mil casas por ano, durante dez anos, investindo mais de 150 mil milhões por ano. Olhando para o caso de Portugal - onde Bruxelas estima que os preços estejam sobrevalorizados em 25% - , a representante da Comissão Europeia lembra que já há mecanismos europeus em vigor para fomentar a construção e a ideia é reforçá-los. "Nós, em Portugal, temos experiência de construção modular, que respeita o meio ambiente, que tem custos muito mais controlados. Agora, é necessário fazer este investimento.O próprio PRR português já previu a construção de mais de 16 mil casas. Há um esforço nacional das autoridades nacionais de aumentarem o número de casas que estão a ser construídas. Obviamente que não dá resposta de imediato a todas as necessidades", aponta, indicando ainda o esforço que está a ser feito para simplificar e agilizar os processos de licenciamento, para que "não seja necessário esperar tanto tempo para que a construção avance".
O plano ontem apresentado abre um caminho e será especificado com propostas legislativas no próximo ano, mas serão depois os Estados-membros que terão de decidir o que adotar, como e quando. Um caminho que Sofia Moreira de Sousa espera ver trilhado em breve, a bem do futuro do bloco europeu: "Se nós não conseguirmos dar resposta a este desafio, estamos também a obstruir ou a impedir que a Europa se torne competitiva".
Portugal vai sentir impacto do plano de habitação da UE? "Sem dúvida", garante comissão
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A desinformação não é apenas um fenómeno “externo”: a nossa própria memória também é vulnerável, sujeita a distorções, esquecimentos, invenções de detalhes e reconstruções do passado.
Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.
A mudança do Chega sobre a reforma laboral, a reboque do impacto da greve, ilustra como a direita radical compete com as esquerdas pelo vasto eleitorado iliberal na economia.