Deputada do BE interveio no Foro Mundial do Pensamento Crítico que decorre em Buenos Aires, na Argentina.
O avanço da onda conservadora que leva a extrema-direita a ganhar eleições no mundo deveria servir de alerta para Portugal, defendeu, esta terça-feira, a deputada do BE Joana Mortágua. Numa intervenção no Foro Mundial do Pensamento Crítico que decorre em Buenos Aires, na Argentina, Joana Mortágua, traçou diferenças e paralelismos entre Portugal e o Brasil.
A eleição de Jair Bolsonaro como presidente brasileiro um dos temas centrais dos debates neste encontro ibero-americano de forças progressistas.
A ordem no Brasil deve ser por "Democracia" enquanto, em Portugal, o objectivo deve ser o "aprofundamento das conquistas sociais" como uma barreira contra o avanço da extrema-direita, afirmou Joana Mortágua, sublinhando que, "sem esse aprofundamento, não haverá apoio da esquerda ao Governo".
"O Brasil precisa de um levantamento democrático popular que possa reconstruir o sistema constitucional democrático, de baixo para cima. No Brasil, a ordem é democracia, democracia, democracia", insistiu, acrescentando que, em Portugal é preciso "aprofundar as conquistas sociais".
"Se o PS não quiser aprofundar essas conquistas sociais, nossa principal barreira contra a extrema direita, não haverá nenhum apelo de unidade que nos fará participar de governos que não sirvam ao povo e que não sirvam a essa luta contra a extrema-direita", advertiu.
Por isso, acrescentou, é necessário "um projecto capaz de criar esperança em milhões de pessoas".
Joana Mortágua, que falava no painel "Rumo a uma nova política democrática: poder cidadão e justiça", notou ainda que na Europa há forças de extrema-direita, conservadoras e fascistas, que ocupam postos muito importantes nos parlamentos e nos Governos.
"Meu país irmão de língua e de coração [Brasil] tem o seu líder [Lula] que deveria poder apresentar-se democraticamente nas urnas, mas está numa prisão política. E o país mais poderoso do mundo tem um tonto como Trump no governo", definiu. Na Europa, continuou, atacam-se os refugiados.
"No Brasil, Bolsonaro aponta contra negros e favelados. Trump mira nos mexicanos depois do muro. Usam esses bodes expiatórios para justificar a brutal exclusão social e a repressão seletiva", salientou, considerando que é preciso "solidariedade internacional e levantamento democrático popular para derrotar o fascismo".
Em declarações àLusa, Joana Mortágua explicou que não se pode comparar Portugal com o Brasil, mas pode-se comparar o avanço da extrema direita na Europa com o avanço da extrema-direita brasileira.
"Em Portugal, não podemos dormir à sombra da bananeira. Temos de lutar todos os dias para aprofundar a democracia" alertou.
"Falta um ano para as eleições. A relação de forças está por determinar. Depois de outubro, precisamos de apresentar um programa ao país e ter uma força máxima de apoio a esse programa porque só governos progressistas com uma ampla agenda de direitos sociais conseguem fazer frente a esse avanço da extrema-direita", sinalizou.
Por isso, é necessário aprofundar o caminho que já foi começado com a reversão dos cortes da Troika, defendeu.
"Tivemos uma maioria parlamentar que permitiu esse programa mínimo, mas queremos um programa de máximos, baseado nos direitos, nos investimentos públicos e no controlo democrático da economia", avisou.
Se "o futuro quadro parlamentar não permitir aprofundar essa agenda", o BE não deverá participar em apelos à unidade que, na verdade, são vazios, salientou.
"Não queremos um lugar no Conselho de Ministros. Queremos um Governo de esquerda. Isso determina-se pelo programa e pela relação de forças", insistiu.
Joana Mortágua adverte que sem avanços sociais o Governo perde apoio
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