Actualização de software que regista transferências feitas para paraísos fiscais foi "uma decisão interna da AT", crê o inspector-geral das Finanças
O inspector-geral de Finanças, Vítor Braz, afirmou hoje no parlamento que a actualização do PowerCenter foi "uma decisão interna da AT" tomada no final de 2012 e que "não há evidência" de que tenha tido orientação política.
O responsável máximo da Inspecção-Geral de Finanças (IGF) esteve esta tarde a ser ouvido durante cerca de cinco horas na comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa a propósito da auditoria realizada às transferências para paraísos fiscais feitas entre 2011 e 2015, que permitiram a saída de mais de 10 mil milhões de euros para aqueles territórios sem qualquer tratamento pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).
Respondendo ao deputado António Leitão Amaro, do PSD, Vítor Braz afirmou que "a actualização da tecnologia PowerCenter [em 2013] ocorreu na sequência de uma decisão tomada no final de 2012 da responsabilidade da subdirectora geral dos sistemas de informação da AT", acrescentando que "as evidências recolhidas [no âmbito da auditoria] sugerem que os problemas detectados mais tarde serão todos posteriores a esta actualização".
Quando questionado sobre se "há algum sinal de alguma orientação política da tutela à AT em 2013" no momento em que foi feita a actualização daquele 'software', o inspector-geral de Finanças disse que "não há evidência" e que se tratou de "uma decisão interna da AT".
O 'software' PowerCenter, desenvolvido pela OpenSoft e licenciado pela Informatica, foi a solução tecnológica usada pela AT nos últimos anos para registar as transferências feitas para paraísos fiscais (as declarações modelo 38).
Pelo PS, o deputado Eurico Brilhante Dias questionou a conclusão da IGF de que é "extremamente improvável" que a falha informática que permitiu a saída de mais 10.000 milhões de euros para 'offshore' sem a análise do Fisco tenha sido causada por mão humana.
O socialista afirmou que "a conclusão de 'improvável' remete para uma medição, uma probabilidade" e defendeu que "isso não se vê" no relatório da IGF, interrogando sobre "se aquilo que é extremamente improvável não é factualmente incerto".
Na resposta, Vítor Braz garantiu que "a prova colhida foi exaustiva para chegar a esta conclusão" e que "não só não há evidência de intervenção [humana deliberada] como a causa do erro é tão complexa que dificilmente haveria uma intervenção deliberada".
A deputada do BE Mariana Mortágua, por seu lado, perguntou se a anomalia do PowerCenter decorreu da actualização feita em 2013 e Vítor Braz respondeu que "o período temporal [do erro] coincide com a actualização do 'software' e que "há um forte indício de que estes eventos estão relacionados" mas que "não há uma prova plena".
Mariana Mortágua quis ainda saber se era possível "alterar manualmente" o parâmetro que os peritos identificaram como estando na origem do não processamento correto das declarações em causa e a resposta foi dada por um outro inspector da IGF, José Oliveira, que concluiu que "é possível".
A pergunta seguinte da deputada foi para saber "quem, dentro da AT, tem acesso a isso" e, na resposta, Vítor Braz afirmou que "é evidente que competia à Opensoft pôr o PowerCenter a funcionar adequadamente perante a AT", mas acrescentou que não foram feitos testes funcionais, pelo que "não foi possível obter todo o histórico para perceber como [aquele 'software'] funcionava antes da actualização".
Falha informática que permitiu transferências não teve mão humana
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.