A Media Capital encaixou 10 milhões de euros com o fim das negociações pela compra da Nowo. A informação foi comunicada pelo grupo de media, que tem Mário Ferreira como acionista, à CMVM no final da tarde desta quarta-feira, após ter sido instada pelo regulador. Em causa estavam as condições de exclusividade até 2 de agosto acordadas com a Lorca, "joint venture" entre a Orange e a MásMóvil. A espanhola, dona da Nowo desde 2019 , chegou a acordo com a Digi na semana passada para vender a operadora por 150 milhões de euros.
Numa nota enviada aos Negócios, o grupo de media português resumiu os principais momentos do processo de negociação para a compra daquela que é a quarta maior operadora, com uma quota de cerca de 2%.
"Quando já era previsível o desfecho desfavorável da aquisição da Nowo pela Vodafone, o Grupo Media Capital foi sondado sobre o seu interesse em analisar a aquisição da Nowo", começou por explicar a mesma fonte oficial. A Media Capital garante que a Lorca aceitou condições com base nas quais o grupo português confirmou o seu interesse em avaliar a empresa para uma potencial aquisição.
Após o chumbo definitivo pela Autoridade da Concorrência à operação da compra pela Vodafone, a 4 de julho, a Media Capital "iniciou a "due diligence" legal e financeira nessa semana. E segundo contou agora a mesma fonte oficial, "a proprietária da Nowo fixou como data limite o dia 2 de agosto para a celebração de um eventual acordo para a aquisição do negócio", data em que terminava a exclusividade garantida pela Global Media para a negociação.
Esse acordo previa, contudo, da parte da espanhola Lorca "a faculdade de cessar, a todo o momento, essas negociações caso: a Vodafone conseguisse obter a aprovação da sua proposta de aquisição, ou viesse a receber uma proposta que valorizasse a Nowo em mais do dobro do valor aceite pelo Media Capital", lê-se no mesmo esclarecimento.
Como a 1 de agosto a Lorca manifestou a intenção de cessar definitivamente conversações, ao abrigo dos cenários previstos no acordo, "a proprietária da Nowo assumiu o compromisso de pagamento de uma penalidade", assegurou a mesma fonte oficial, sem revelar o montante em causa.
De acordo com informações recolhidas pelo Negócios, a proposta de compra da Media Capital rondou os 60 milhões de euros. Questionado sobre este valor, bem como da indemnização, a Media Capital referiu apenas que essas questões "estão cobertos por um acordo de confidencialidade, só poderão ser fornecidos pela proprietária da Nowo". O Negócios questionou a MásMóvil mas, até ao momento, não obteve resposta.