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CGD: Nogueira Leite saiu porque achou aumento de capital insuficiente

08 de março de 2017 às 20:54
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Antigo vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos revelou no Parlamento o motivo porque pediu a demissão do cargo no final de 2012

O antigo vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) António Nogueira Leite revelou esta quarta-feira no Parlamento que pediu a demissão do cargo no final de 2012 por discordar do montante da capitalização do banco público feita nesse ano. "Não posso explicar por que razões o aumento de capital teve a dimensão que teve, mas inviabilizava a possibilidade de o banco ter resultados positivos. Rapidamente íamos ficar com o ónus da situação. E isso não era uma situação que considerasse interessante", afirmou o responsável depois de questionado sobre as razões que estiveram na base da sua saída prematura da CGD.

Nogueira Leite, que falava na comissão parlamentar de inquérito à CGD, entrou para a equipa de gestão do banco público em Julho de 2011 e pediu a demissão em Dezembro de 2012, com a saída a consumar-se em Janeiro de 2013. "Quando saí da Caixa tive que ir à procura de emprego", assegurou aos deputados.

Em 2012, enquanto vigorava o plano de resgate datroika (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), o Estado português fez um reforço de capital da CGD que resultou da injecção de 750 milhões de euros em capital e da subscrição de 900 milhões de euros em obrigações convertíveis (CoCo), num total de 1.650 milhões de euros.

"Era preciso mais capital e isso é o ponto central. Não sei o que se passou acima. Mas senti sempre que havia uma grande dificuldade de fazer entender as necessidades dos bancos portugueses junto das autoridades europeias e do FMI", afirmou.

Ainda sobre o seu pedido de demissão, Nogueira Leite vincou que, no seu entender, o aumento de capital era insuficiente, pelo que ia implicar que o banco estatal apresentasse prejuízos durante vários anos, o que acabou por se verificar. "Eu não podia sequer explicar porque é que os resultados eram tão maus como eram. Preferi dar um salto no escuro", sublinhou.

"A nós não nos foi pedido 'digam lá quanto é que querem'. Um dia o Governo disse: 'os senhores vão ter um aumento de capital de 900 milhões de euros em capital contingente e 750 milhões de euros em dinheiro verdadeiro'. Foi esse jogo que eu não quis jogar", reforçou.

Nogueira Leite referiu que era necessário mais capital, mas sublinhou que a decisão foi do accionista e que, perante ela, havia as hipóteses de se acomodar ou de sair. "E eu decidi sair", acrescentou.

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