Secções
Entrar

Operadores de lojas acusam Vodafone britânica de ter "enriquecido injustamente" na pandemia

Sofia Parissi 11 de dezembro de 2024 às 15:55

Os documentos apresentados no Supremo Tribunal do Reino Unido alegam que a operadora terá agido de "má fé" ao reduzir as comissões aos operadores de "franchising" do grupo durante a pandemia.

Um grupo de 62 operadores defranchisingda Vodafone, juntou-se para uma ação judicial contra a empresa no valor de 120 milhões de libras, avança o jornal The Guardian. No processo, apresentado na terça-feira, no Supremo Tribunal do Reino Unido, a empresa é acusada de ter "enriquecido injustamente" à custa de pequenos empresários e menciona também a existência de dívidas deixadas aos operadores de franchising que gerem lojas da Vodafone. Alguns dizem até ter tido pensamentos suicidas, que atribuem à pressão exercida pela operadora de telecomunicações.

De acordo com o jornal britânico, os documentos do tribunal alegam que a Vodafone terá agido de "má fé" ao reduzir as comissões aos operadores de franchising e ao impor multas pesadas por erros administrativos menores e depois persuadi-los a contrair empréstimos e subsídios do governo. As alegações revelam ainda que alguns dos operadores contraíram dívidas pessoais superiores a 100 mil libras (cerca de 122 mil euros) e chegaram a temer perder as suas casas. 

Rikki Lear, ex-gerente de três lojas de franchising da Vodafone, em Kent, no sul da Inglaterra, disse, em declarações ao The Guardian: "Deixaram-me a pensar se queria continuar a viver neste mundo. A única coisa que me fez continuar foi a minha família e a minha filha".

"Pedimos desculpa a qualquer franqueado que tenha tido uma experiência difícil", respondeu a Vodafone, quando contactada pelo jornal. E afirmou "refutar veementemente" as alegações de que terá "enriquecido injustamente", tendo conduzido até uma "série de investigações" internas. 

Investigações essas que "concluíram que algumas ações entre a Vodafone e os parceiros franqueados nem sempre cumpriram as normas que esperamos, mas não foram encontradas provas de má conduta", acrescentou a Vodafone, citada pelo The Guardian.

A Vodafone passou a ter sistemas de franchising, em 2018. Ao The Guardian, os queixosos afirmaram que os sistemas de franchising inicialmente permitiram alcançar lucros, mas o grupo acabou por impor cortes nas comissões de vendas após o verão de 2020, depois da pandemia da covid-19 que obrigou ao confinamento. 

A operadora terá feito "um corte inexplicavelmente drástico e patentemente irracional e/ou arbitrário na comissão dos queixosos", afirmam os documentos apresentados em tribunal.

Já a Vodafone justificou que "em 2022, foi conduzida uma revisão de garantia completa no nosso património de franchising, que levou mais de 400 horas. A revisão encontrou questões a serem respondidas em relação ao programa de franchising, o seu processo e comunicação. Concluiu com ações claras para efetuar melhorias nas áreas identificadas. Por exemplo: fornecemos recursos adicionais para dar suporte aos franqueados e fizemos pagamentos aos franqueados onde foi descoberto que a Vodafone poderia ter agido de forma diferente".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela