Há três vezes mais carros TVDE do que táxis

Os dados foram fornecidos pelo IMT -  Instituto da Mobilidade e dos Transportes à SÁBADO e confirmam os números também avançados anteriormente de que já existem quase quatro vezes mais condutores habilitados para operarem TVDE do que táxis. Há atualmente 20.573 certificados de motoristas de táxi, enquanto estão certificados 76.219 motoristas de TVDE. Em 2020, o número de taxistas (25.667) superava o de motoristas de Transportes de Passageiros em Viaturas Ligeiras Descaracterizados (TVDE, 23.167).

O IMT lançou na semana passada uma plataforma de dados de TVDE desenvolvida em cooperação com a Uber e a Bolt, as duas principais empresas a operar em Portugal. Esta plataforma permite, de acordo com o comunicado do IMT, uma supervisão mais informada e dinâmica neste setor.

Esta plataforma mostra que apesar de haver muitas dezenas de milhares de motoristas habilitados a trabalhar, mais de metade esteve inativo em fevereiro. Dos 76 mil licenciados, apenas 37.318 prestaram serviço através da Uber e da Bolt. Apesar disso, estiveram ativos 34 mil carros ao longo deste mês.

"Esta partilha automatizada de informação com as plataformas digitais permite ao IMT levar a cabo uma supervisão dinâmica sobre a atividade TVDE baseada em dados reais e atualizados. Para além de reforçar a integridade de todos os agentes e a confiança dos utilizadores e dos profissionais, a informação produzida por este instrumento é de grande utilidade no quadro do debate em curso sobre a revisão da legislação do setor TVDE, sobre o qual dispomos agora de um retrato atualizado e fiel",  defende o presidente do conselho diretivo do IMT, João Jesus Caetano, citado no comunicado.

A Uber foi a primeira plataforma a operar em Portugal, em julho de 2014, juntando-se depois outras como a Bolt (ainda em atividade) ou a Cabify e a Kapten (que também se chamou Chauffeur Privé) e que entretanto já encerraram atividade. Só quatro anos após a entrada ao serviço dos TVDE, e depois de muita contestação do setor do táxi e longos meses de discussão parlamentar, entrou em vigor, em novembro de 2018, a lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte. Está pendente na Assembleia da República uma discussão de alteração a esta lei proposta por vários partidos.

Desde 2018 que outras plataformas tentaram entrar, mas sem sucesso, incluindo, mais recentemente, a Pinker, que tinha como objetivo só transportar mulheres, para que se sentissem mais seguras. O IMT suspendeu a licença, e a empresa apresentou contestações e não deverá começar a operar em Portugal tão cedo por querer manter a contratação de mulheres como motoristas.

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