Sábado – Pense por si

Os operários asiáticos e os fidalgos portugueses

Eduardo Dâmaso
Eduardo Dâmaso 04 de dezembro de 2022 às 10:00

Não estamos à beira do precipício em matéria de emprego. Não vamos ter o Natal miserável dos que sofrem a punição bíblica da guerra, da fome, da discriminação. É só bola e diversão para alimentar as nossas fabulosas e intensas conversas de café.

Amenizemos a coisa porque é só bola. Não é a pobreza gerada pela inflação. Não estamos a ser mobilizados para a guerra. Não somos um país traumatizado pela violência de uma lenta mas progressiva destruição. Não estamos a ver as bombas a cair sobre as pessoas, as redes de canalização de água e energia. As nossas mulheres não estão a ser violadas e mortas, os homens não estão a ser torturados, as crianças não estão a ser assassinadas na plenitude da sua inocência. Não somos alvo de miseráveis crimes de guerra cuja punição fenece, cada dia, na memória colectiva das democracias. Democracias que juram defender as vítimas com uma mão enquanto acenam com a indiferença na outra às respectivas opiniões públicas, ansiosas com o inverno gélido que aí vem, com o dinheiro que não chega para os preços que trepam.

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