Chegou ao fim o julgamento do caso de sequestro e extorsão a Paul Pogba, com o Ministério Público francês a pedir penas de prisão efetiva para todos os seis arguidos, cinco amigos de infância do futebolista e o seu irmão mais velho, Mathias. "Isto é uma história perfeita para vender jornais", defendeu um dos advogados.
O Ministério Público (MP) francês pediu penas de prisão para os seis arguidos no processo, que remonta a um episódio de 2022, quando Paul Pogba, na altura jogador do Manchester United, foi alvo de sequestro e extorsão por dois encapuzados, que lhe apontaram uma arma e exigiram o pagamento de 13 milhões de euros. Os envolvidos são cinco amigos de infância de Pogba e o seu irmão mais velho, Mathias.
Para Roushdane, de 39 anos, o único que compareceu no Tribunal de Paris em detenção preventiva, o MP exigiu a maior condenação: oito anos de prisão, considerando que esteve por detrás do sequestro com arma de fogo do qual o antigo craque da Juventus e Manchester United foi vítima.
Para os outros quatro amigos implicados, Adama (33 anos), Boubacar (35), Mamadou (30) e Mohamed Machikour (36), o MP pediu cinco anos de prisão, embora com penas suspensas que podem diminuir o período de reclusão. Machikour poderá ter uma pena suspensa durante três anos, Boubacar durante dois, Mamadou por 18 meses e Adama por um ano. O MP defendeu ainda que todos fiquem durante 10 anos impedidos de poderem registar uma arma.
Com Paul Pogba ausente durante o julgamento (está nos EUA), os seus advogados pediram uma indemnização de 50 mil euros em danos morais e ainda mais 200 mil euros para pagar o que os seus amigos gastaram em nome do jogador (em compras e doações de dinheiro).
A pena mais leve será para Mathias Pogba, irmão do craque. O MP francês não o acusou de sequestro, ao contrário dos outros cinco envolvidos, mas pediu três anos de prisão, embora dois sejam com pena suspensa – ou seja, poderá ficar um ano em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica.
"Ele teve um papel especial a desempenhar, uma vez que fez parte do esquema de extorsão sem estar ciente dele no início. Mesmo assim, ele sabia que o objetivo do grupo era tirar os 13 milhões de euros a Paul Pogba, sabia que havia um desejo de causar danos", avançou o procurador.
Mathias Pogba afirmou no julgamento que estava arrependido de ter feito vídeos a ameaçar o irmão, que colocou nas redes sociais, mas garantiu que nada teve a ver com o sequestro e tentativa de extorsão a Paul Pogba, em março de 2022, revelando que só soube do caso a 29 de julho, quando Roushdane e Machikour, dois amigos seus (e também de Paul) lhe deram conta do caso no ginásio.
"Contaram-me a história e disseram-me que também eram vítimas [dois encapuzados apontaram uma arma e exigiram dinheiro a Pogba quando esses dois amigos estavam com ele num apartamento]. Ouvi as versões de todos, e quero entender todas as versões", referiu, adiantando que a seguir viajou para Turim, para se encontrar com o irmão (que nesse verão se tinha transferido do Manchester United para a Juventus). "Tornou-se um caso urgente, tinha de falar com ele, mas pareceu-me normal".
Mathias disse mais de uma vez que na altura em que fez e colocou os vídeos ameaçadores nas redes sociais, o seu cérebro "estava desligado". E acusou um dos seus amigos, Roushdane, também envolvido no caso, de o ter manipulado. "Fui influenciado a fazer esses vídeos. Nesse momento vi os vídeos como um último recurso. Hoje vejo isso assim, hoje o meu cérebro está normal".
O advogado de Mathias, Mbeko Tabula, conforme revelou o jornal Ouest France, que acompanhou o último dia do julgamento, afirmou: "Mantivemos encarcerado durante três meses um inocente. Ele foi ingénuo, mas já deu aqui conta dos seus arrependimentos. Teve uma atitude estúpida, é verdade, mas está a ser vítima de um processo mediático. A história de Mathias Pogba, culpado de extorsão sobre o seu irmão, nunca existiu. É uma história perfeita para vender jornais. É esta a realidade. Ele não pode ser ao mesmo tempo uma marioneta e um arquiteto. Mathias nunca participou, nem de perto nem de longe, num caso de extorsão intencional".
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