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Mulher ventilada morre durante apagão. O que se sabe? 

O Ministério da Saúde já pediu uma averiguação das circunstâncias da morte.  

Dias depois da Proteção Civil ter anunciado que oapagão de segunda-feiracausou "zero vítimas" em Portugal, e de Luís Montenegro reiterar esta informação no debate com Pedro Nuno Santos, aRTPrevelou que uma mulher de 77 anos terá morrido devido à falta de energia no Cacém, distrito de Lisboa.  

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Foi o próprio filho da vítima que contou o que se passou e garantiu que "se não houvesse apagão" a mãe ainda estaria viva. A mulher dependia de um ventilador mecânico, ao qual estava ligada 24 horas por dia. António conta que ainda ligou para o INEM a pedir ajuda, mas quando os técnicos lá chegaram o aparelho já tinha ficado sem bateria e não havia nada a fazer. 

"Quando liguei para o INEM [a bateria] estava a 50%. A bateria gastou, meti o oxigénio e eles não apareceram. Disseram que já vinham, demoraram. Quando chegaram a minha mãe estava morta a olhar para mim", partilhou emocionado.

Neste momento ainda não é conhecido o resultado da autópsia nem há informação sobre quando será o funeral.

INEM culpa trânsito "muito condicionado"  

À RTP o INEM confirmou que recebeu a chamada às 15h52 e que acionou a Viatura Médica de Emergência e Reanimação às 15h57, no entanto a equipa chegou ao local às 16h28, altura em que a idosa estava "já em paragem cardiorrespiratória". Foi ainda referido que o tempo de deslocação se deveu ao trânsito "muito condicionado".  

O filho da vítima contou que ainda antes do INEM chegaram os bombeiros mas caraterizou-os como "baratas tontas" porque "o SIRESP [Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal] não funcionava".

Ministério da Saúde ordenou averiguações 

O Ministério da Saúde anunciou na quinta-feira que ordenou uma averiguação às circunstâncias da morte: "Tendo tido o conhecimento esta quinta-feira, dia 1 de maio, de uma eventual vítima causada pelo corte de energia no passado dia 28 de abril, a ministra da Saúde decidiu pedir uma auditoria à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) para o esclarecimento cabal deste caso", referiu o ministério numa nota enviada às redações. 

Mais tarde o Ministério confirmou que a vítima se trata de uma mulher de 77 anos "com várias comorbilidades e que se encontrava no seu domicílio".  

Consequências políticas 

O líder do PS desafiou, esta sexta-feira, o Governo a explicar o motivo pelo qual o INEM só comunicou na quinta-feira esta morte. De visita à feira Ovibeja, Pedro Nuno Santos afirmou: "Mas há uma coisa que a senhora ministra nos podia dizer já, que é: Porque é que o INEM, que, obviamente, tem conhecimento deste falecimento na segunda-feira, só comunicou ontem [quinta-feira] este acontecimento infeliz?". 

O secretário-geral do PS recordou ainda outras auditorias pedidas pelo Governo, como no caso das mortes ocorridas no dia da greve do INEM e do número de alunos sem professor: "Passados estes meses todos, ainda não temos os resultados dessas auditorias".  

"Não pode acontecer que um governo, em cada momento difícil, com notícias muito tristes, anuncie uma investigação e, depois, esteja meses sem apresentar esses resultados", acrescentou. 

André Ventura também já reagiu à situação defendendo que a mesma deveria levar à demissão da ministra: "Dizer que não houve vítimas e houve, noutro país, estaria a levar à demissão dos ministros. O INEM sabia que houve vítimas. A ministra da Saúde tinha de saber que houve vítimas. Então porquê é que tentaram mais uma vez esconder isto da população? É um pouco impressionante como é que este Governo tenta esconder tudo da população".

"Ouvimos quer o primeiro-ministro, quer a senhora ministra da Energia e do Ambiente, quer o ministro da Presidência, dizerem o que foi feito com a maior eficácia, o Governo foi posto à prova e passou com sucesso", referiu o presidente do Chega.

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