Secções
Entrar

Titan sofreu "implosão catastrófica". O que é e como será investigada?

Débora Calheiros Lourenço 23 de junho de 2023 às 12:48

O submersível turístico que se dirigia para o Titanic terá implodido a cerca de 3.500 metros de profundidade, onde a pressão é 400 vezes superior à sentida à superfície do mar.

Esta quinta-feira 22 John Mauger, porta-voz da Guarda Costeira dos Estados Unidos,avançou que foram encontrados destroços do submersível Titanno fundo do oceano eque os cinco passageiros tinham morrido

ceanGate Expeditions/Handout via REUTERS

A Guarda Costeira referiu ainda que os destroços encontrados parecem ter sido originados por uma "implosão catastrófica", ou seja, um colapso em direção ao centro do submersível. Já em 2017 o submarino argentino ARA San Juan, que demorou um ano a ser encontrado, implodiu no fundo do mar.

Não se sabe ao certo a que profundidade o Titan se encontrava no momento da tragédia mas os destroços do Titanic estão a 3.800 metros de profundidade. O submersível perdeu o contacto com o barco de apoio, oPolar Prince, passada uma hora e 45 minutos do início da descida, que deveria demorar duas horas. É provável que os cinco passageiros se encontrassem a cerca de 3.500 metros de profundidade, onde a pressão é 400 vezes superior à sentida à superfície do mar.

O que aconteceu?

As implosões normalmente ocorrem quando a pressão externa originada pela profundidade ultrapassa a gerada dentro do submarino. A pressão da água acaba por esmagar o exterior do submersível comprimindo-o, ou seja, é o fenómeno contrário a uma explosão.

A destruição terá sido tão rápida e agressiva que os tripulantes (a destruição completa ocorre em cerca de 1/20 de um segundo) morreram todos quase instantaneamente, pelo que não se aperceberam do ocorrido, não sentiram dor nem há corpos por resgatar.

O Titan era frágil?

Por norma este tipo de embarcações são projetadas para suportar a pressão através de materiais resistentes. Contudo, o Titan era feito de fibra de carbono e titânio, dois materiais sobre os quais há poucos estudos acerca da forma como se comportam quando sujeitos à oscilação de pressões. A sucessiva utilização do submersível nas expedições pode também tê-lo deixado mais frágil, devido à fadiga dos materiais. 

O que foi encontrado?

A Guarda Costeira avançou que as operações de busca permitiram descobrir duas partes do submersível. Uma em forma de cone, ou seja a parte frontal, e outra com um formato de cauda, a sua traseira.

O facto de terem sido encontrados em duas localizações diferentes também sustenta a teoria de que existiu uma implosão.

O que vai acontecer a seguir?

As autoridades vão reunir todos os destroços que conseguirem encontrar para posteriormente conseguir verificar a sequência de eventos que originaram a tragédia.

Pedaços da fibra de carbono com que o submersível foi construído são fundamentais para a investigação, para que possa ser testada a capacidade desta fibra em aguentar a pressão e o estado de desgaste em que já se encontrava.

Outra das questões que se levanta é se a falha foi originada pela falta de testes adequados, ou se houve outra origem. Recorde-se que o Titan não tinha autorizações oficiais para operar - algo de que os seus tripulantes eram informados - e que um antigo funcionário da empresa já levantara preocupações de segurança,o que originou um processo em tribunal cujas partes chegaram a acordo. 

Todos os tripulantes terão assinado um termo de responsabilidade em como sabiam os riscos originários da exploração em que seguiam.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela