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O que tem o Alasca de especial para acolher a cimeira entre Trump e Putin?
No território que já pretenceu à Rússia, Putin vai conseguir fugir ao mandato de prisão do TPI.
Índice
- 1Escapar ao Tribunal Penal Internacional
- 2Encontros diplomáticos no Alasca
- 3Qual a importância da Base Conjunta Elmendorf-Richardson?
- 4O que antecedeu a reunião?
- 5Críticas à reunião
Esta sexta-feira, Donald Trump e Vladimir Putin vão reunir-se para discutirem como acabar a guerra na Ucrânia. A reunião foi anunciada com uma semana de antecedência pela Rússia e a decisão de se realizar na Base Conjunta Elmendorf-Richardson foi posteriormente avançada pela Casa Branca.
Trump e Putin reúnem-se na Base Conjunta Elmendorf-Richardson, no Alasca
AP Photo/Mark Thiessen
1Escapar ao Tribunal Penal Internacional
O Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, acusou, em 2023, Vladimir Putin de ser “responsável pelo crime de guerra de deportação ilegal” de crianças de áreas ocupadas da Ucrânia para a Rússia e emitiu um mandato de prisão contra o líder russo. Desde então que Putin tem sido muito cuidadoso com as suas viagens, tendo recusado dois convites para cimeiras dos BRICS, primeiro na África do Sul, logo em 2023, e depois no Brasil, em julho deste ano. No entanto, já viajou para a China e para a Coreia do Norte países que, tal como os Estados Unidos e a Rússia, não são signatários do Estatuto de Roma, que criou o tribunal em 2002, e por isso não estão obrigados a cumprir os seus mandatos. Assim sendo, Putin não corre o risco de ser detido e presente ao TPI quando chegar aos Estados Unidos. Além de não ser signatário, quando Trump voltou à Casa Branca ordenou sanções contra o TPI pela emissão de um mandato de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu ex-ministro de Defesa, Yoav Gallant.2Encontros diplomáticos no Alasca
Em março 2021 o Alasca também tinha servido como centro diplomático dos Estados Unidos com membros do governo do então presidente Joe Biden a receber altos funcionários chineses. Nessa altura as críticas entre os dois países aumentaram com os chineses a acusar os norte-americanos de “condescendência e hipocrisia”. Em 2017, o governador Bill Walker já tinha recebido Xi Jinping no mesmo território. Bem antes disso, o imperador japonês Hirohito foi o primeiro chefe de estado estrangeiro a pisar o solo do Alasca, em 1971, a caminho de uma viagem para a Europa. E o papa João Paulo II foi recebido no aeroporto de Fairbanks por Ronald Reagen.3Qual a importância da Base Conjunta Elmendorf-Richardson?
A Base Conjunta Elmendorf-Richardson foi construída na altura da Guerra Fria e com 26 mil hectares é a maior do estado do Alasca. Construída em 1940 cumpriu um papel central para a defesa aérea e afastar ameaças por parte da União Soviética. Em 1957 chegou a abrigar duzentos caças e vários sistemas de controlo de tráfego aéreo. Neste momento é fundamental para ciclos de treino das forças norte-americanas. Trump visitou o local durante o seu primeiro mandato, em 2019, e considerou que as tropas ali presentes “servem na última fronteira do país como a primeira linha de defesa da América”. Na base vivem cerca de 30 mil pessoas, o que corresponde a cerca de 10% da cidade mais populosa do Alasca.4O que antecedeu a reunião?
Desde que voltou à Casa Branca que Trump tem tentado forçar a Rússia e a Ucrânia a acabarem com a guerra, até porque enquanto candidato presidencial garantiu que conseguia pôr fim ao conflito em 24 horas. Já no mês passado o líder norte-americano afirmou estar “dececionado” com Putin. As frustrações aumentaram e o republicano deu ao presidente russo até dia 8 de agosto para concordar com um cessar-fogo imediato ou enfrentar sanções severas. No dia antes de o prazo terminar, o Kremlin anunciou que os dois líderes se iriam encontrar pessoalmente.5Críticas à reunião
Vários analistas internacionais têm referido que a ausência da Ucrânia é um mau sinal, especialmente tendo em conta o local escolhido. “É fácil imaginar Putin a argumentar durante a reunião com Trump: ‘Veja, os territórios podem mudar de mãos. Nós vendemos o Alasca aos Estados Unidos, porquê que a Ucrânia não pode dar uma parte do seu território?’”, exemplifica Nigel Gould-Davies, ex-embaixador britânico na Bielorrússia e investigador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres. O encontro também está a ser criticado por fazer lembrar o encontro no porto de Yalta, no Mar Negro, em 1945, durante o qual os Estados Unidos, Reino Unido e Rússia dividiram a Europa após a derrota da Alemanha nazi sem contar com a opinião dos países cujas fronteiras estavam a ser alteradas. O receio dos líderes europeus e da Ucrânia é que Trump e Putin façam o mesmo. “É claro que o mundo hoje é diferente, mas as decisões estão a ser tomadas em nome de países terceiros para os quais esta é uma questão existencial”, referiu Ivan Vajvoda, do Instituto de Ciências Humana em Viena ao New York Times. Fazer cedências a Putin pode ser perigoso para a Europa uma vez que o líder russo já afirmou que quer que a NATO interrompa qualquer processo de expansão, que retire as suas tropas de qualquer país que tenha aderido à organização depois de 1997, o que inclui todos os países que estiveram sob ocupação soviética até 1999, e que negocie uma nova “arquitetura de segurança”, reconhecendo a antiga esfera de influência soviética.Artigos Relacionados
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