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Itália limita trabalho ao ar livre enquanto onda de calor se abate pela Europa 

Na segunda-feira um homem que trabalhava na construção civil em Itália acabou por morrer depois de desmaiar enquanto trabalhava numa obra. Os internamentos em unidades de emergência hospitalares no país aumentaram nos últimos dias, maioritariamente devido a pacientes idosos que sofriam de desidratação.

Treze regiões italianas proibiram o trabalho ao ar livre durante as horas mais quentes do dia numa altura em que são registadas temperaturas recorde em Espanha e Portugal. Esta é uma onda de calor que se alastra por todo o continente com França a ter de encerrar algumas escolas e o topo da Torre Eiffel e a Turquia a deslocar dezenas de milhares de pessoas devido aos incêndios florestais. 

AP Photo/Andrew Medichini

Lombardia e Emília-Romanha, dois dos principais polos industriais do norte de Itália, anunciaram esta terça-feira que os trabalhos ao ar livre deveriam ser suspensos entre as 12h30 e as 16h00, juntando-se a outras onze regiões italianas que impuseram proibições semelhantes nos últimos dias. Attilio Fontana, presidente da Lombardia, garantiu que a prioridade "é proteger a saúde dos trabalhadores, especialmente em momentos como este, quando o calor se torna particularmente insuportável". Já Vincenzo Colla, vereador responsável pela área do trabalho em Emília-Romanha, referiu que "proteger os trabalhadores" é a sua responsabilidade. 

Estas medidas surgem depois de um trabalhador da construção civil de 47 anos, Brahim Ait Hajjam, ter desmaiado e posteriormente morrido enquanto estava numa obra perto de Bolonha na segunda-feira. A morte do trabalhador levou os sindicatos CGIL e Fillea CGIL a emitirem um comunicado onde pediram: "Enquanto aguardamos para saber a causa real da morte, é essencial, durante este período terrível, promover uma cultura de segurança. A emergência climática claramente piorou as condições para aqueles que trabalham ao ar livre todos os dias, e as empresas devem dar prioridade absoluta à proteção dos trabalhadores".  

As medidas que estão a ser aplicadas em Itália variam de região para região e incluem a suspensão de atividades ao ar livre em obras, pedreiras e campos agrícolas durante as horas de mais calor. 

Também na segunda-feira, uma mulher de 53 anos morreu depois de desmaiar enquanto caminhava numa rua em Palermo, na Sicília. Ainda não é conhecida a causa da morte mas os meios de comunicação locais têm referido que sofria de problemas cardíacos.  

Os internamentos em unidades de emergência hospitalares aumentaram nos últimos dias em Itália, com algumas regiões a registarem mais entre 15% a 20%, sendo a maioria dos pacientes idosos que sofriam de desidratação. 

Recordes de temperatura em Espanha e Portugal 

A agência meteorológica estatal espanhola referiu nas suas redes sociais esta terça-feira que "junho de 2025 quebrou recordes" no que diz respeito a temperaturas altas com uma média de 23,6 graus Celsius, um aumento de 0,8 graus Celsius acima do junho que detinha o anterior recorde, no ano de 2017.  

A média mensal foi também 3,5 graus celsius acima da média do período entre 1991 e 2020. 

Os dados da Aemet foram divulgados poucos dias depois de a província de Huelva, na Andaluzia, atingir uma temperatura de 46 graus Celsius, quebrando o recorde de temperatura mais alta já registada no país durante o mês de junho.  

Em Portugal, Mora, no distrito de Évora, chegou também aos 46 graus Celsius registando a temperatura mais alta de sempre no mês de junho, segundo os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. 

Outras cidades do continente europeu estão também a enfrentar temperaturas mais altas do que o normal com Saragoça a chegar aos 39 graus Celsius, Roma, Madrid e Atenas aos 37 graus Celsius, Bruxelas e Frankfurt aos 36 graus Celsius, Tirana aos 35 graus Celsius, e Londres aos 33 graus Celsius. 

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