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Homo sapiens fixou-se no Médio Oriente antes de chegar à Europa

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 26 de março de 2024 às 07:00
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Estudo descobriu que foi numa zona do Planalto Persa, mais precisamente no Irão, sudeste de Iraque e nordeste da Arábia Saudita, que o Homo sapiens começou por se fixar.

OHomo sapienssurgiu no continente africano há mais de 300 mil anos e só começaram a espalhar-se pelo globo há cerca de 70 mil anos, no entanto nunca ficou claro qual foi a rota de migração.

REUTERS/Shannon Stapleton

O mais recente estudo, publicado naNature Communications, refere que estes caçadores recoletores permaneceram de forma homogénea no Médio Oriente, mais precisamente numa área que hoje corresponde ao Irão, sudeste de Iraque e nordeste da Arábia Saudita, durante milhares de anos antes de se espalharem toda a Ásia e Europa, há 45 mil anos.

Estas conclusões são baseadas em dados genéticos extraídos de amostras de ADN antigo e comparadas com bancos genéticos modernos. Além disso, várias evidências paleoecológicas demonstraram que a região do Irão, conhecida como Planalto Persa, representava um habitat ideal para o desenvolvimento da humanidade.

Estes caçadores recoletores viviam em pequenos grupos, normalmente nómadas pelo que a localização do Planalto Persa era perfeita oferecendo uma grande variedade de ambientes ecológicos, como florestas, prados ou savanas, alternando entre solos áridos e húmidos. O estudo realça ainda a existência de vários animais na região, nomeadamente gazelas selvagens, ovelhas e cabras que eram caçadas.

Segundo o estudo "a dieta era composta por plantas comestíveis e pela caça de animais de pequeno porte". Os "grupos de caçadores recoletores praticavam um estilo de vida sazonal, vivam nas terras mais baixas nos meses mais frios e nas regiões montanhosas nos meses mais quentes".

"Os nossos resultados fornecem a primeira imagem completa do paradeiro dos antepassados de todos os atuais não africanos nas fases iniciais da colonização da Eurásia", explicou o antropólogo Luca Pagani, professor na Universidade de Pádua e autor principal do estudo, citado pela Reuters. O investigador partilhou ainda que os primeiros migrantes tinham pele e cabelo escuros, semelhantes aos dos povos que atualmente vivem na África Oriental.

Já o antropólogo Michael Petraglia, co-autor do estudo e diretor do Centro Australiano de Pesquisa para a Evolução Humana da Universidade de Griffith, acredita que esta investigação descreve "a história das nossas vidas, com o objetivo de desvendar alguns dos mistérios da nossa evolução e do nosso mundo". Assim "a combinação de modelos genéticos e paleoecológicos permitiram prever o local onde as primeiras populações humanas residiram assim que saíram de África".

Segundo os investigadores foi quando estes grupos iniciaram caminhos de expansão diferentes, uns para a Europa e outros para a Ásia, que começaram a ser estabelecidas as diferenças genéticas e culturais que depois foram desenvolvidas até hoje.

Já tinham existido outras investigações sobre a saída dosHomo sapiensde África, no entanto nunca tinha sido alcançada uma conclusão. Foi também descoberto que osHomo sapiensnão foram a primeira espécie humana a viver fora de África, nem na região do Planalto Persa, uma vez que existiam pequenas contribuições de Neandertais no ADN de não africanos incluídos no estudo.

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