O que faz antes de utilizar o telemóvel? Talvez deixe o aparelho ler a sua impressão digital, ou mesmo a sua cara. A tecnologia biométrica inundou as nossas vidas, dos telemóveis aos aeroportos, e já se fazem testes em multibancos e em carros. Mas é um dos alvos dos piratas informáticos.
A identidade digital pode ser-nos roubada. "Se a empresa [que cuida dos dados biométricos] é atacada e os dados roubados, é impossível mudar a impressão digital" de uma pessoa, explica à SÁBADO Vladimir Dashchenko, líder da equipa de investigação a vulnerabilidades da Kaspersky. "As pessoas não se preocupam o suficiente", frisou Dashchenko durante uma conferência da empresa de softwares de segurança em Milão, Itália.
Para responder ao problema, a empresa desenvolveu um anel com uma impressão digital artificial, que se destina a manter seguros os dados biométricos, únicos para cada pessoa. A impressão "falsa" fica gravada numa "pedra biométrica", uma borracha com fibras condutoras e a forma e textura de um dedo. Pode ser mudada, bloqueada ou apagada, protegendo os dados insubstituíveis.
Quando pousa o dedo no telemóvel, este "usa um scanner que vê a impressão digital, transfere para o servidor e analisa o que seguiu e o que este diz", conta Dashchenko. Se os dados forem iguais, pode usar o aparelho. Porém, Dashchenko analisou casos em que a informação não foi guardada de forma encriptada. Se o servidor onde se guardam os dados for comprometido, um hacker pode conseguir uma "cópia digital" do seu dedo.
Conselhos de segurança
Segundo Vladimir Dashchenko, é importante atualizar todo o software regularmente. Quanto a passwords, não pode usar uma simples nem repeti-la em diversos sites. Evite sites que levantem problemas de segurança.
Reflita ainda se precisa de usar a sua impressão digital ou reconhecimento facial em todo o lado, como o telemóvel, precisamente por serem dados insubstituíveis.
O que é biométrica?
A biometria lê "as características físicas de uma pessoa para verificar a sua identidade", explica posteriormente à SÁBADO, em Portugal e via email, Ricardo Gonçalves, professor assistente do Departamento de Ciências Computacionais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa. Com essas características, os dispositivos podem reconhecer a pessoa pelas impressões digitais, íris, rosto e voz, por exemplo.
Os dados também podem ser roubados antes de chegarem ao servidor, durante a sua transmissão à base de dados central, adianta Ricardo Gonçalves, e "replicados fraudulentamente em outras transações". "O resultado é uma pessoa perder o controlo sobre os seus dados biométricos, o que representa grandes riscos em termos de privacidade", frisa o professor da NOVA.
Outro risco é o de os dados serem usados "para outros fins" diferentes daqueles "para os quais a pessoa em questão deu o seu consentimento". "Fortes cuidados e medidas de segurança têm sido utilizadas de forma a minimizar estes, e outros, potenciais riscos", afirma Gonçalves.
Um negócio de milhões
As maiores empresas a operar na área da biometria são a QQS Technosoft, a Aware, a Cognitive Systems, a NEXT Biometrics, a Adonai, a Biomatiques, a Fusion Biometrics, a Fulcrum Biometrics, a Integrated Biometrics e a Biocryptology, elenca o professor da NOVA.
E sabia que existem dois tipos de biometria? Gonçalves identifica a biometria fisiológica, que inclui "principalmente reconhecimento de face, impressão digital, geometria da mão, reconhecimento da íris e ADN" e a biometria comportamental, que se baseia no "processamento de informação complementar que pode incluir o tipo de pressão efetuada sobre uma tecla, assinatura e reconhecimento de voz".
Em 2018, "os sistemas biométricos globais arrecadaram cerca de 21,8 mil milhões de dólares, enquanto as tecnologias biométricas móveis arrecadaram pouco mais de 20 mil milhões de dólares". Até 2024, o mercado biométrico global deverá atingir os 50 mil milhões de dólares, segundo a Global Market Insights. A mover o crescimento, estão os serviços financeiros e bancários móveis, bem como as iniciativas governamentais para a implementação de biométrica e o seu uso na identificação criminal.
A SÁBADO viajou a Itália a convite da Kaspersky.
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