É uma barreira de proteção do corpo, mas em excesso provoca tosse, expetoração e pode colocar o seu filho nas urgências pediátricas
“Os pais acham que é normal as crianças andarem sempre com ranho no nariz no inverno. Mas não é”, garante a enfermeira Luciana Rodrigues, especialista em reabilitação respiratória pediátrica. “Limpar e eliminar o ranho previne as infeções respiratórias”, garante.
KidStock/Getty Images
Porquê? Numa infeção viral, como uma constipação ou uma gripe, o ranho vai aumentando de quantidade e escorre na parte posterior do nariz para a garganta, onde provoca tosse. Esta começa por ser seca, mas pode tornar-se progressivamente tosse com expetoração. Se esta permanecer nos pulmões, pode originar-se uma infeção bacteriana.
O ranho é o primeiro sintoma e não deve ser desvalorizado. “É importante conhecer o curso natural da doença respiratória: os primeiros sinais de alerta são o ranho fluido e depois a tosse”, explica a enfermeira. Se não for ignorado, vai intensificar-se em quantidade e espessura e, nos mais pequenos, com maiores probabilidades de chegar aos pulmões.
Lavar o nariz
“Também há vírus que atacam diretamente os pulmões criando expetoração como o VSR [vírus sincicial respiratório] responsável pelas bronquiolites”, diz Luciana Rodrigues. Nestes casos, os sintomas incluem dificuldade em respirar, pieira, respirações rápidas e pode levar à diminuição dos níveis de oxigénio na criança, o que obriga a internamento hospitalar.
A enfermeira Luciana Rodrigues é especialista em reabilitação respiratória pediátrica
Para evitar as urgências pediátricas é fundamental controlar o ranho. “A lavagem do nariz de forma regular evita a acumulação do ranho e a sua descida para a garganta”, explica a enfermeira.
Como? Lavar o nariz com soro, com auxílio de uma seringa. “Deve ser feito do nascimento até à velhice”, reforça Luciana Rodrigues. A lavagem nasal remove o ranho, as crostas e os microrganismos que ficam alojados no nariz. “É um ciclo vicioso: se o ranho permanece, inflama o nariz, o que provoca maior produção de ranho”, explica a enfermeira.
Nos bebés até aos seis meses, a quantidade usada não deve exceder os 5 ml de soro, depois 10 ml, e a partir dos 2 anos, 20 ml. Nas crianças que não podem usar seringa, pode colocar-se quatro gotas de soro (cerca de 1 ml) numa narina, fechar a outra narina e a boca, para que de forma inconsciente, ela faça uma inspiração forçada, arrastando o ranho até à garganta para o engolir.
“Não há qualquer problema em engolir o ranho - quando tossimos é isso que acontece”, diz a enfermeira. Nem é preciso estar doente para isso acontecer. “O nariz produz 1,5 litro de ranho por dia que acaba no estômago. É o processo fisiológico de limpeza das vias respiratórias”, acrescenta.
Atenção: a introdução do soro deve ser feita de forma suave para não magoar.
Depois, é importante ensinar as crianças a assoar-se. A partir dos três anos, elas já compreendem, mas pode não ser uma tarefa fácil: por mais que se peça para soprar pelo nariz, as crianças fazem-no pela boca.
Soprar velas
Mas há truques que ajudam. “Usar um apito, chamado língua da sogra, encostá-lo a uma narina e pedir à criança que apite, depois de encher o peito de ar, fechar a boca e tapar a outra narina”, explica Luciana Rodrigues.
Pode usar um lenço de papel, colocado à frente do nariz, e pedir à criança que o faça movimentar-se, com a boca fechada e expirando pelo nariz. Outra ideia: use umas velas de bolo de aniversário e peça para soprá-las apenas com o nariz.
“As crianças aprendem por imitação, por isso, os pais devem mostrar primeiro como fazer”, diz Luciana Rodrigues que faz este trabalho em clínica, ao domicílio e em creches com o seu projeto Alívio em Respirar.
Se não tiver êxito, a cinesioterapia respiratória ajuda os mais pequenos a descongestionar as vias respiratórias quando estas se encontram afetadas. “É uma terapia manual que melhora a obstrução nasal e a dificuldade respiratória”, explica a enfermeira. Mas deve ser usada como meio de prevenção. “Os pais aprendem cuidados respiratórios essenciais, aprendem a atuar quando os primeiros sintomas surgem, diminuindo a sua ansiedade e evitando idas às urgências desnecessárias.”
Respirar pela boca
Quando as crianças passam demasiado tempo com o nariz congestionado podem acabar por passar a respirar pela boca e o hábito pode originar mais infeções respiratórias e mesmo problemas no seu desenvolvimento.
“O nariz é o órgão do sistema respiratório responsável por filtrar os microrganismos. Quando a respiração é feita pela boca, perde-se esse filtro natural e o risco de desenvolver infeções respiratórias aumenta”, sublinha Luciana Rodrigues.
A respiração oral é também um fator de risco para otites. “O ouvido está ligado ao nariz por um pequeno canal interno que depende do movimento dos músculos da face", explica a enfermeira. “Quando estes músculos estão flácidos não funcionam corretamente, dificultando a ventilação do ouvido, e levando consequentemente a otites”, acrescenta.
As crianças que respiram pela boca podem também perder força muscular essencial na mastigação e tornarem-se miúdos que preferem papas ou purés ou são diagnosticados como seletivos.
O tratamento envolve uma equipa multidisciplinar, incluindo terapeutas da fala, dentistas e especialistas em reabilitação respiratória.
Luís Guerreiro/Cofina
Reduzir os riscos
Para além de lavar o nariz, há que manter uma etiqueta respiratória diária para evitar infeções.
Mãos
Lavar bem as mãos e com frequência. “Incluindo os adultos, que são quem mais transmite microrganismos para as crianças”, salienta Luciana Rodrigues.
Máscara
Quando estão doentes, os adultos devem usar a máscara cirúrgicas, usadas durante a pandemia do covid-19, para protegerem os outros.
Creches
Quando as crianças apresentam estados febris e muita tosse não devem ser enviadas para a escola, onde irão infetar os colegas.
Recintos fechados
Evite centros comerciais e locais com concentração de pessoas, onde os vírus circulam com mais predominância.
Limpeza
A casa deve ser arejada todos os dias e aspirada regularmente, especialmente, quando há crianças com alergias.
Ar fresco
Não mantenha os filhos em casa porque está frio. “As gripes e as constipações são provocadas por vírus. Não é o frio ou a chuva”, insiste Luciana Rodrigues. “As crianças devem apanhar ar fresco no jardim ou parque infantil, desde que bem agasalhadas”, conclui.
Como evitar uma infeção respiratória no Natal? Livre-se do ranho
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